sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O clube dos poetas... tortos

Hoje em dia existe clubes de amigos de todo o género e feitio. Ele é o Clube dos Amigos dos Porquinhos da Índia, o Clube de Amigos da Panasqueira, o Clube de Amigos de Bigode, sendo que ultimamente está a formar-se aí um grupo, o qual provavelmente andará a tratar dos estatutos para criar o Clube de Amigos M&M.



Ainda não percebi muito bem essa dos clubes de amigos. Digamos que gosto mais do ambiente da nossa Tasca, onde acabamos por ser amigos uns dos outros, não porque pensemos todos da mesma forma, mas porque respeitamos as nossas diferenças, sem fundamentalismos e subserviências portanto.

Voltando ao Clube dos Amigos M&M, estava aqui a pensar com os meus botões:

- “Por que raio há pessoas que são uns autênticos lambe-botas, os quais passam a vida a sorrir para o chefe, mesmo que este, enclausurado na sua fatiota de ser supremo e grandioso, mais não veja naqueles seres simpáticos que umas guloseimas para alimentar o seu super-ego?”

- “Será que os M e as M ainda não perceberam que, com essa conduta submissa e indiciadora de parca inteligência, acabam por estar assim a modos que confinados a um gueto onde impera a lei do mais forte, o qual não permite aos seus súbditos que tenham a ousadia sequer de pensar pelas suas próprias cabeças, por outras palavras, que saiam do seu exíguo espaço e que passem a ver a luz, qual embalagem tetra pack?”

(olha, vê-se bem que o M amarelo é novo no clube, coitado!)

É com saudade que recordo os velhos tempos em que ali nas prateleiras da Tasca, o Silva colocava, mesmo ao lado dos famosos rebuçados do Dr. Bayard, os não menos famosos e populares rebuçados catraio, que ainda por cima eram vendidos avulso. Esses sim, mantinham sempre a mesma cor enquanto a gente os saboreava e duravam muito tempo.

Hoje o que vemos? – Uma guloseima que mais parece uma drageia, bonita por fora, não o nego, mas enganadora, pois consumida a primeira camada (a da aparência), facilmente se desvanece a segunda (a das ideias).

Bem, deixa-me acabar por aqui, antes que algum catraio mimado fique chateado com as minhas palavras.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Fetche fassa fabor!

Ainda punha a biqueira do desbotado sapato na soleira da porta e nem ao nariz me haviam chegado sequer aqueles aromas a tinto e aguardente, tão característicos da tasca, e já ouvia o vozeirão roufenho do Chico Molas: "Ó SSilba, fetche fassa fabor!"

Lá ia também a D. Ricardina, em passo tipo robocock e de sorriso forçado, procurando cativar simpatias para o próximo concurso de Miss Tasca, em direcção ao balcão, e também.... "Ó SSilba, fetche fassa fabor!"
E lá se ouve a máquina de calcular mental do Silva: "0,50 mais 0,35, são 0,85 cêntimos D. Ricardina. "

Isto começou já lá vão umas décadas. Longe também vão esses tempos em que lá na terrinha se colhia o trigo e centeio. A cada início de Verão as aldeias do concelho eram invadidas por grupos de segadores que andavam à procura de ganhar uma "jeira", já que as condições de vida eram particularmente difíceis e as pessoas com menos recursos tinham de agarrar-se aos trabalhos mais árduos.

O Silva, ainda rapaz novo, letrado para a época, 4.º ano feito e a caminho de fazer o 5.º lá no liceu da vila (e não ia parar por ali), dizia-se também que não só gostava da escrita como também das contas. Rapaz do boas vontades, muitas cartas ele escreveu às velhotas da aldeia, para o filho na África, para o irmão do Brasil, etc.!

Um dia, chegou à terra um rancho de segadores. Um deles, rapaz novo, cara vermelha e olhar vivaço, recomendado por uma vizinha, vai ter com o Silva para que lhe escrevesse uma carta à namorada. Claro que o nosso amigo se apressou a dizer que sim! Ai não, ora, ora, carta à namorada!!! Ah, Ah!, o Silva, malandreco, esfrega as mãos... já aguçando a curiosidade quanto às confidências, saudades e sabe-se lá que segredinhos mais o rapaz iria “mandar dizer” à namorada.

Folha de papel na frente, esferográfica apontada à primeira linha. Pode começar, diz ansioso o Silva:
Meu amorzinho...
Sim, continue...
... cá stou, cá m’acho...
Já está. Mais... pede o Silva.
... enquanto por cá andar...
Sim.... mais...
... sou sempre o mesmo.
Já escrevi, continue... o Silva cada vez mais ansioso.
Fetche fassa fabor!
Como? Pergunta o Silva.
Fetche fassa fabor!
Então, não escrevo mais nada, só isto...?
Sim, fetche fassa fabor!

Passaram os anos, o Silva mudou-se aqui para a vila, e nem imaginais a cachola com que ficou quando um dia o Chico Molas apareceu com esta na tasca! Certo é que a moda pegou! Fetche fassa fabor!

E hoje, quando alguém cá na Tasca, depois de servido e se quer ir embora, é normal pedir a conta berrando pró balcão: "Ó SSilba, fetche fassa fabor!"

Phosga-se


Num país, Floribelamente falando, super-hiper-mega-re-fixe-altamente-baril-bués-tasse-ya-tranquilo como o nosso, era previsível que isto acontecesse mais cedo ou mais tarde.
"Phone-ix", ou, em bom português(?), "Fónix". Eis o nome encontrado para o futuro operador de rede móvel.

Convenhamos que podia ser pior. Tenho um colega de trabalho que insiste em dizer FODAVONE e ninguém tem coragem de chamar a atenção ao rapaz. Mas também a quem pede "entremolhada" para o almoço não se lhe pode exigir mais.

Destaque para as reacções dos seguintes clientes da Tasca ao nome escolhido:

José Sócrates: "Porreiro, pá!";
Cavaco Silva: "Deixem-me só acabar de comer este bocadinho de bolo";
Luís Filipe Menezes: "Pouca vergonha! É um nome descaradamente sulista e elitista";
Marques Mendes: "Mini-qualqueg coisa ega gigo";
Francisco Louçã: "Joint-ix era incomparavelmente melhor";
Mário Lino: "Desde que apanhe rede na OTA...";
Paulo Bento: "É um nome que transmite dranquilidá!";
Mantorras: "Copiaram de mim! É o que Mantorras está farto de dizer: FÓNIX, Mantorras não é coxo.";
Joe Berardo: "Fuck you";
José Mourinho: "Nem eu sei traduzir essa merda";
Gajo que trabalha comigo: "Quem me tira a FODAVONE tira-me tudo".

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O respeito é uma coisa muito bonita

O respeito é uma coisa muito bonita. Estou a falar do respeito, não do respeitinho. Há uma diferença fundamental. O respeitinho é a submissão dos outros a uma série de normas artificiais, de forma a que o nosso umbigo não seja perturbado. O respeito é aquilo que nos compete fazer de forma lógica e natural para não perturbarmos o umbigo dos outros. A beleza deste último reside precisamente na evidência da naturalidade e nos melhores resultados que proporciona à sociedade em geral.

Um bom exemplo é o trânsito nas grandes cidades vietnamitas. Ali não há ponta de respeitinho, a começar pelas próprias regras de trânsito. Mas nós, que não estamos habituados, ficamos aparvalhados com tamanha lição de respeito.





Porco com banana

A utilização de frutas nas pièces de résistance da nossa gastronomia fica muitas vezes aquém do que seria de esperar, dado que a fruta proporciona uma imensa variedade de sabores e texturas, com inúmeras combinações possíveis. Além disso, em algumas receitas tradicionais a fruta é meramente decorativa e servida como complemento, não entrando propriamente no processo de confecção do prato. Esqueça o pato com laranja. Melão com presunto é óptimo, mas já se tornou vulgar e é apenas uma entrada. É altura de darmos uma volta à coisa.

Nesta receita de porco com banana o resultado é surpreendente, pois combina os sabores do clássico estufado de carne com uma suave doçura e um pouco de acidez das frutas. Apesar do título, a receita usa três frutas, cujas características se fundem muito bem: a banana, o coco e o limão. Experimente algumas variantes, como usar maçãs em vez de bananas ou misturar maçãs com bananas.

Refogar uma cebola picada em azeite.
Juntar carne de porco cortada em pedaços pequenos. Refogar durante mais 5 minutos.
Juntar um ou dois tomates cortados em pedaços pequenos, alho, coentros frescos, louro, sumo de um limão, malagueta (ou outro picante) e sal. Estufar durante 15 minutos em lume um pouco forte.
Juntar leite de coco e banana em pedaços (cerca de uma por pessoa) e deixar cozer em lume médio-brando durante mais 50 minutos. Mexer de vez em quando, pois em certos recipientes a espessura do molho pode começar a agarrar ao fundo.
Servir com arroz cozido em água.

Eleição Miss Tasca 2007

É verdade...
este ano disputam-se mais uma vez as eleições, Miss Tasca 2007!!!?!?!.. É!!!

E, por incrível que pareça... a Senhorita Ricardina, mais conhecida pelo pessoal da tasca como..."Madama FrôFrô", era a única possível candidata... vitória garantida e merecida, disse aqui há tempos enquanto tomava o seu Cocktail MOLOTOFF (uma pequena receita da casa, haja clientes com porte que o aguentem...), visto que já usa a coroa (de flores, que o guito tá caro) desde 98...

Senhora altiva do seu nariz, pavoneia-se com a sua ENORMEEEEE "encharpe" de plumas... sobre o seu melhor vestido vermelho, rua acima... rua abaixo... encalhando ocasionalmente com o salto agulha na calçada à portuguesa... tentando esboçar o seu sorriso forçado aos possíveis "votadores"... enfim... um fartote, enquanto eu, encostada na ombreira da porta, lanço um olhar à Mafaldinha e esta arrota uns adjectivos que caracterizam a personagem...

Porém... para espanto de muitos consumidores mais sóbrios da tasca... a menina Manuela... Mané prós amigos, miúda simples mas que sabe o que diz... entregou a inscrição para concorrer ao famoso e mais aguardado evento das Tascas... Madama FrôFrô ficou impossível... engoliu uma água das Pedras... murmurou um grunhido... e saiu com a rapidez que lhe era permitida pelos saltos...

Agora... agora não há quem a ature... nem mesmo a piquena Katia Vanessa... que faz sessões de... de... leitura... virtual... na pequena loja da frôfrô... é que ela tem uma pequena casa de... de... leitura... está descortês, insolente e ainda mais malcriada do que já é hábito... mas é nestas alturas que a tasca enche mais... (????!??!!?)... pois... pudera... ninguém está para a gramar....

Os votos já foram imprimidos...

Dona Ricardina

Menina Manuela


A escolha... é sua...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Da elegância e da honestidade portuguesas

Dedicado a todos aqueles que acham que José Sócrates não tem dado aos portugueses fortes motivos para sorrirem:



"¿Por qué no se calla?" - 2

"Ó Juan, nós, na Venezuela, quando queremos que alguém feche a matraca fazemos assim..."

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Instituições - e legisladores, também.

Quando os argumentos racionais não chegam – “Aqui d’El Rei que isso é um insulto para a Instituição.”

As Instituições para mim são um mistério, tal e qual como o legislador. Ninguém é capaz de dizer, foi o fulano ou o cicrano que escreveu aquilo, a conversa é – “foi o legislador”. Este tipo de pseudo-não-sei-o-quê é muito vantajoso para quem, pura e simplesmente, quer passar incólume a todas as críticas, adversidades e a toda a porcaria que lhe aprouver fazer, porque contra a Instituição, coisa intocável, nada se pode dizer ou fazer, como se aquilo fosse uma coisa inanimada e não um conjunto de pessoas responsáveis e responsabilizáveis.

Mas afinal o que raio é uma Instituição? É que pergunto mesmo sem saber, até porque, no dia que li que o Mick Jagger é uma instituição, fiquei completamente aos papéis e percebi que afinal as Instituições são gajos que cantam o I can’t get no satisfaction, fumam ganzas, injectam heroína e snifam coca. Aí fiquei a perceber porque é que elas, as ditas cujas, são meio apanhadas do clima e comecei a ver o mundo com melhores olhos, porque me sinto superior, embora elas é que mandem mas, pronto, dá-se-lhes desconto, coitadinhas, são todas meio malucas e temos que ajudar os pobres de espírito. E o legislador, também.

Já o Júlio César falava dele na terceira pessoa do singular. Hoje, certa gentinha fala dela própria na primeira pessoa do plural. É que nunca são eles, há sempre outro gajo qualquer que tem a culpa.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O Gentleman

Situações como esta levam-me a pensar no jeito que às vezes dava ter um Rei em Portugal. Se já é mau descobrirem-nos a careca, pior o é quando na pele de delator está um britânico ordinarão.

À falta de melhor, proponho que lhe aticemos o D. Duarte Pio. Ou então que este escreva uma carta a esse inglês bacoco. Eu, pessoalmente, borrava-me todo se recebesse um envelope cujo remetente se chamasse Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança. Deitava contas à vida e punha-me a fazer juras de não voltar a pinar mulher alheia se aqueles sete rapazolas que tinham descoberto o responsável pelos seus adornos frontais não me causassem muita dor aquando do espancamento.

Hum... Pensando bem, e como a maioria dos ingleses são paneleiros, é possível que este não fuja à regra e que o sucesso da operação possa estar comprometido.

Talvez então, como alternativa, possamos enviar o Louçã mais a sua prosa delicodoce, própria de quem discursa sentado em cima dum cacho de bananas do Equador.
Também ele teve hoje o seu momento de brilhantismo ao acusar Sócrates de mentir. Esplêndido!!! Onde terá ido ele desencantar tal ideia?
São declarações deste calibre que continuam a acalentar-me a esperança de ver um dia o Eusébio acusado de ser benfiquista.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Disparates no ensino do Português

Veio a lume mais um estudo que demonstra os péssimos resultados que os alunos portugueses apresentam em disciplinas como Matemática, Português, Física e Química. Boas notícias! Isto mostra que a miudagem nacional tem os olhos abertos e está a viver a vida segundo os melhores princípios.

A escola teima em querer que os adolescentes sejam peritos em matérias escabrosas como as que são estudadas nas citadas disciplinas, em vez de os encaminhar para assuntos muito mais interessantes e necessários para o equilíbrio físico, psíquico e cultural de qualquer pessoa normal. Refiro-me, por exemplo, a Sexo, Culinária, Condução Automóvel ou Direito da Família. É inacreditável que a escola insista em pretender que as assíntotas de uma hipérbole ou a lei de Stefan-Boltzmann são coisas muito mais úteis a qualquer cidadão moderno do que saber cozinhar e comer de forma saudável, ou utilizar de forma eficaz os vários métodos anticoncepcionais.

Vejamos de forma um pouco mais detalhada o que se passa em Português. O Ministério da Educação e os professores desta disciplina têm feito, com indiscutível sucesso, um esforçado e sistemático trabalho de afastamento da criançada por tudo o que é o gosto e a verdadeira função comunicacional da língua portuguesa. Várias têm sido as medidas com vista a este objectivo, mas saliento as três que me parecem mais bem sucedidas.

Em primeiro lugar, os programas e as práticas lectivas insistem em evitar que os alunos pratiquem exaustivamente a leitura, a escrita e a fala. Em vez disso, é obrigatório que eles se entretenham tempos infinitos em actividades prodigiosas como dividir sintacticamente frases do tipo "a minha prima Isaura, que é mais velha do que eu, tem um vestido amarelo com bolas verdes".

De entre as várias medidas pedagógicas dos responsáveis pelo Português, sobressai também a primorosa escolha, para leitura, de obras literárias intragáveis como A Sibila ou o Memorial do Convento. Estas obras podem despertar um interesse enorme a certas pessoas habituadas a ler, mas são totalmente inadequadas para jovens cuja experiência literária, até aos 15-16 anos, se tem limitado às legendas das séries televisivas, aos SMS dos colegas de turma e às frases sobre a minha prima Isaura.

Na escola devia-se começar por abordar textos muito mais evidentes, mas não menos ricos de significância, como reportagens do jornal A Bola ou os textos da Tasca do Silva. Depois sim, era altura de abordar obras maiores e mais complexas. Em vez disso, espera-se que os alunos, que mal sabem caminhar, tenham, de repente, bons resultados na maratona.

Um terceiro facto, este verdadeiramente criminoso, é o desaproveitar de belíssimas obras como, por exemplo, Os Maias, tornando-as objecto de leitura por obrigação e não por devoção. Antes de enfronhar os alunos neste magnífico texto queiroziano, há que lhes abrir as mentes para um conjunto de coisas fundamentais que nele são descritas. Mas não. A táctica tem sido "preparar os alunos" para que estes saibam responder a perguntas idiotas que saem nos exames, como, por exemplo, quantas vezes arrotou João da Ega no jantar do Hotel Central ou quais são as referências ao realismo e à monarquia que existem ao longo de todo o texto.

Para ajudar os estudantes neste complicado puzzle, existem uns livrinhos que resumem a obra em oito esquemas e doze páginas de texto, focando as principais manias dos fazedores de exames. Ler o resumo orientado para as perguntas do exame em vez de ler o que realmente Eça escreveu é, assim, prática corrente entre os nossos alunos. Chegados ao exame, quem melhor leu os resumos maior nota tem. E mais contribui positivamente para as estatísticas sobre o sucesso da escolaridade portuguesa. E para o melhor posicionamento da sua escola nos tão pomposos como anedóticos rankings de qualidade.

Claro que ler o resumo em vez da obra é assim como que, em vez de ir passear às Ilhas Gregas, folhear os catálogos da agência de viagens e ver uns vídeos no Youtube com uma cantora pop em Santorini; em vez de saborear uma requintada salada de vegetais, queijo e ervas aromáticas, optar pela leitura da receita devidamente ilustrada com uma esplêndida fotografia de um tomate maduro. Mas, claro está, para quem manda no ensino e para que idolatra os rankings, isso são meros preciosismos.

Eu podia continuar a enunciar os restantes disparates do ensino do Português nas nossas escolas, mas lembrei-me agora que o leitor, a acreditar nas estatísticas, foi provavelmente um deficiente aluno nessa disciplina e não deve ter percebido patavina daquilo que eu escrevi até aqui. Por isso acho que não vale a pena eu escrever os restantes sessenta e quatro parágrafos sobre este tema. Vou antes fazer o jantar.

Merece o nosso respeito

“O senhor Presidente, Blá Blá Blá, merece todo o nosso respeito, o Senhor Ministro, Béu Béu Béu, merece todo o nosso respeito.”
Este tipo de discurso faz-me rir. Ali ao lado estava uma mesa com novos clientes, desconhecidos dos habitués. Um deles, empolgado a respeito de determinadas figuras “importantes”, debitava um discurso de subserviência como se A, B ou C, não cheirassem mal do cu e dos sovacos, tal e qual como todos os outros. É que, para mim, toda a gente merecedora de respeito tem o meu respeito, mas esta mania meio podre e pouco clara de alguns merecerem todo o respeito só porque ocupam este ou aquele cargo dá-me vómitos e faz-me lembrar que pouco ou nada evololuímos, em determinados aspectos, desde o tempo do Cromagnon.

Títulos como Doutor, Engenheiro, Meritíssimo e Companhia só servem para nos lembrar que uns mandam e outros obedecem e que alguns, nem que sejam os maiores filhos da puta ao cimo da terra, à partida não são suspeitos e têm de ter um tratamento diferente do comum dos mortais, nem mais nem menos do que o Imperador Júlio César, que, se calhar, até era mais evoluído no que diz respeito a democracia do que nós somos em 2007.

Quem quiser reparar no que se passa, por exemplo, dentro dum tribunal, concluirá que aqueles que supostamente defendem a justiça têm uma pose de superioridade que roça as bordas da época medieval. Ou que um qualquer cidadão, face a um agente da autoridade, começa logo por estar em desvantagem em qualquer conflito de interesses que meta a “justiça” pelo meio.

O meu problema com este tipo de diferenciação de tratamento é tão só porque aqueles que estão lá em cima habituaram-se a viver e a moldar uma democracia à sua maneira e a, democraticamente, impingi-la a todos os restantes que estão ficando de pés e mão atados. É que os exemplos de pura máfia no seio daqueles que nos “orientam” são tantos que me espanta como é que continuam a querer teimar que - “O senhor Presidente, Blá Blá Blá, merece todo o nosso respeito, o Senhor Ministro, Béu Béu Béu, merece todo o nosso respeito”.

Pois às vezes, muitas vezes mesmo, só me apetece é dizer – “Ó senhor Ministro, o respeito que me merece é menos do que o que tenho por uma minhoca”.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O meu intervalo de almoço

Estava um dia triste e cinzento, e o frio enregelava os ossos.
Passei em frente à Tasca do Silva e lá estava ele…o Sr. Honório, outrora um homem digamos que... bem posicionado na profissão, bem vestido. Desses tempos idos apenas lhe restam as meias. Mesmo com um casaco lustroso e umas calças tão coçadas que quase se via a pele, a camisa escondendo um colarinho já gasto pelo tempo, uns sapatos a que o tempo retirou o brilho, mas essas, as meias, eram de um branco alvo e, como não podia deixar de ser, a gravata no seu nó perfeito.
Pois é, a vida dá voltas e voltas e por vezes acaba num nó, tal como o da gravata. E a do Sr. Honório assim ficou de um dia para o outro.

Sempre que ali passo, aí o encontro, mais ou menos à hora de almoço, mão meio escondida meia de fora, olhar meigo, lágrima no canto do olho, sorriso aberto quando lhe deixo a partilha do dia, que logo guarda, meio envergonhado, dizendo que não é para vinho mas sim para a sopa da noite e logo ficamos ali dando duas de conversa durante alguns minutos.
Foi numa destas conversas que o Sr. Honório me contou algumas passagens da sua vida, já meio confusas e que pede ao tempo para apagar.

O Sr. Honório era um distinto guarda-livros lá da terra, numa altura em que o trabalho era reconhecido quer por gestos e palavras mas também financeiramente. O Sr. Honório vivia bem, andava sempre de fato e gravata, era reconhecido quando passava.
Mas a vida dá muitas voltas. A esposa faleceu, os filhos, já com as suas vidas estabelecidas, foram-se esquecendo do pai, que foi ficando para trás.
Apareceu alguém que, a troco de “sábias” palavras, o aconselhou a investir o pouco que ainda lhe restava num tal Fundo de Pensões. Pois é... de um dia para o outro, o nó apertou, a empresa que geria o fundo faliu e o Sr. Honório ficou apenas a viver de uma mísera reforma que mal lhe chega para pagar os medicamentos que tem de tomar diariamente para os pulmões cansados, as pernas trôpegas, os olhos marejados e sobretudo o coração triste de promessas vãs e tanta solidão.

Claro que, ao ouvi-lo, o “filme” passava-me como numa tela em frente aos meus olhos, e pensava para com os meus botões: Meu Deus, este homem que tanto trabalhou e tudo perdeu pela avidez dos homens, não terá direito a um conforto até ao fim da vida junto dos seus pares, partilhando o seu saber e as suas experiências?
Pensei... para já, restam-lhe os poucos minutos diários que passo com ele, na esquina da Tasca do Silva onde ele, sentado numa pequena pedra, fazendo dela um banco improvisado, parece esperar por mim, naquela hora do intervalo de almoço, para comigo partilhar ora um sorriso ora uma lágrima matreira que teima em cair.
Como gostaria de dizer ao Sr. Honório que brevemente ele estaria mais confortável, junto de outros homens e mulheres que deram ou continuam a tudo fazer para que o país que os viu nascer possa crescer em prosperidade e sobretudo honrar os mais idosos reconhecendo a sua dedicação e proporcionando-lhes um fim de vida digno.
Apenas lhe pude dizer que sonhava com isso…
Até sempre, Sr. Honório.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Votelhices (ou não fosse eu um homem do Norte, carago)

Última tentativa para ser expulso deste estaminé:


domingo, 4 de novembro de 2007

Automóveis e cabos de vassouras

No mesmo dia em que morriam em Lisboa duas pessoas e uma terceira ficava gravemente ferida devido a um atropelamento com automóvel, à Tasca do Silva foi aplicada uma coima por não cumprir normas básicas de segurança e higiene como, por exemplo, ter na cozinha vassouras com cabo de madeira.

No mesmo dia em que foi preso um indivíduo porque plantava uma espécie vegetal considerada por lei estupefaciente, venderam-se legalmente milhões de maços de cigarros feitos com uma planta idêntica. E venderam-se legalmente milhões de litros de bebidas alcoólicas que, como se sabe, drogam, matam e fazem matar inúmeras vidas humanas.

Neste mundo sempre houve contradições, até porque grande parte delas derivam de causas naturais. O que não se compreende é que coexistam dois pesos e doze medidas quando se trata de fazer leis e regulamentos. Qualquer electrodoméstico que fosse responsável pelo mesmo número de mortos e feridos que o automóvel causa anualmente já há muito tempo que teria sido retirado do mercado ou regulamentado de forma muito restritiva o seu uso. A utilização de vassouras com cabo de madeira é infinitamente menos perigosa em termos de saúde pública do que utilizar automóveis. Por isso algo de muito errado está neste mundo em que vivemos quando o poder público, quem legisla e quem fiscaliza dá mais atenção às primeiras do que aos segundos, quando o objectivo a atingir é rigorosamente o mesmo.

A forma como os diversos interesses particulares se sobrepõem, ora pra baixo, ora pra cima, à normalidade do nosso quotidiano é deveras incomodativa. E, nalguns casos, chega a ser obscena. É ridículo este afã de querer controlar até ao mais ínfimo pormenor certas situações, quando mesmo ao lado há milhões de outras que muito mais careceriam de regulamentação e controlo mas aí já ninguém parece interessado em actuar.

A produção regulamentadora, alguma vinda da muito evoluída Comunidade Europeia, chega a ser hilariante quando lida com olhos que não estejam intoxicados com a evolução do contexto regulamentador. Veja-se, por exemplo, o Regulamento (CE) n.º 853/2004, que contém definições de conceitos invulgares como a de carcaça de um animal (corpo de um animal depois do abate e da preparação) ou carne picada (carne desossada que foi picada e que contém menos de 1 % de sal), bem como instruções de procedimentos complexos como este: após a inspecção post mortem, as amígdalas dos bovinos, dos suínos e dos solípedes devem ser retiradas de forma higiénica. Fantástico!!

A grande ânsia em controlar tem o seu reflexo na enorme vontade de punir. Um mero mas significativo exemplo neste domínio encontra-se no Decreto-Lei n.º 113/2006. Para controlar e punir, este decreto atribui competências a nada mais nada menos do que sete entidades públicas, “sem prejuízo das competências especialmente atribuídas por lei a outras entidades”.

Por sua vez, o articulado desta peça legislativa ocupa quatro páginas do Diário da República de 12 de Junho de 2006, sendo que duas são gastas apenas pelo artigo 6.º, que lista as contra-ordenações possíveis. Estas são tantas e tão minuciosamente descritas que precisam ir da alínea a) até à bbb), ou seja, esgotam por duas vezes as 23 letras do alfabeto português. É obra!

Os aceleras das nossas estradas podem, no entanto, ficar descansados. Estes regulamentos aplicam-se apenas a cabos de vassouras.

sábado, 3 de novembro de 2007

13

Perturbações aparte proporcionadas pelas curvas da Ana Malhoa (chiça que aquilo tem mais curvas que o Marão!), o Chico Ranhoso passou a tarde intrigado na Tasca, com um Grupo de 13 bebedolas que alugaram o Reservado lá de trás para uma reunião, "esotérica" disseram eles. O que é certo é que nem o Silva nem a Cátia Vanessa tiveram um minutinho de descanso, ele eram bifanas, bem e mal passadas, sempre bem regadas com o Tinto da Casa. "Foram 20 garrafões", contou-os o Chico... mesmo com a vista a dobrar que lhe conhecemos!

Mas o mais estranho era a fumarada que do Reservado saía. Aquilo parecia uma mistura de Incenso de Sábado de Aleluia, com Barbas de Milho de Dia da Desfolhada! E os ruídos estranhos? O Carlinhos Almofadinha, rapaz de muita progesterona (acho que é um medicamento daqueles novos que há agora... genéricos, não é?), sempre que escuta ruidinhos lá dá a sua espreitadela. Disse ele que viu, "com o seu olho que alguém há-de comer" - palavras dele - objectos a voar de um lado para o outro!

Comentava-se à boca cheia (e à garganta molhada!) que era uma... Sessão Espírita! Por isso estavam 13 à mesa!

Entretanto, pregado à cortina na entrada do Reservado, estava este Panfleto:

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Os 13 Tons Galácticos

1 - Magnético - Unifica o propósito. Atrai.
2 - Lunar - Polariza o desafio. Estabiliza.
3 - Eléctrico - Activa o serviço. Une.
4 - Auto-Existente - Define a forma. Mede.
5 - Harmónico - Potencia a radiação. Manda.
6 - Rítmico - Organiza a igualdade. Equilibra.
7 - Ressonante - Canaliza a entoação. Inspira.
8 - Galáctico - Sintoniza a integridade. Modela.
9 - Solar - Pulsa a intenção. Realiza.
10 - Planetário - Aperfeiçoa a manifestação. Produz.
11 - Espectral - Dissolve. Liberta.
12 - Cristal - Dedica a cooperação. Universaliza.
13 - Cósmico - Persevera a presença. Transcende.

Sabemos que o que dá movimento aos nossos corpos são as nossas treze articulações principais e cada uma delas corresponde a um dos 13 tons galácticos, na ordem que consta na figura seguinte. Portanto, qualquer “corpo” com “cabeça, tronco e membros “, contém o código dos ciclos naturais que governam tanto os aspectos físicos, como os aspectos espirituais da vida.

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Chiça... o que é que estariam aqueles gajos pr'ali a fazer?

Árrenuncia

Eu a mais o Zé dos Anjos, ali na mesa 7, esgravatando a respeito da grossa da Ana Malhoa (bem melhor que o pai, sejamos honestos), enquanto no red corner se jogava à sueca e, espontaneamente, o Perninhas de Alicate exclama – “Se tivesses feito uma árrenuncia, fazias melhor!!!!”.

O Zé dos Anjos continuou a esmifrar as mamas da Malhoa, mas eu muito tenuemente ouvia, até porque a partir daquele momento fiquei a galar a árrenuncia. O Perninhas de Alicate até que tem uma Mula e, calhando, chama-se Nuncia, coisa que, ao certo, eu não sei. Mas se a mula se chama Nuncia, o mais certo é que o Perninhas diga muitas vezes – “Árre!!!!... Nuncia” – e, assim sendo, aquilo deve ser um código secreto para quem joga à sueca, que siginifica – “Pára aí antes que faças merda”. Digo eu, sei lá!!!!

Ainda eu não tinha digerido aquela quando ouço o Lesma dizer - "Se me tivesses arrepresentado uma quina, ganhávamos". Aí fiquei "embaralhado" e desisti de perceber, porque mulas chamadas Nuncia ainda lá vou, mas Presentado é que não me passa pela cabeça.

Acho que interpretei mal e aquilo é mesmo linguagem subliminar.

Voltemos à Ana Malhoa, ó Zé.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Maçãs no Forno à Tasca

Quando há dias li um texto aqui deixado pelo nosso "tasqueiro-mor" EB, vieram-me à memória tempos idos em que, por força das circunstâncias, tive de praticar a nobre arte de motorista de fogão, especializando-me, podem crer, em cozidos, motivado não só pela facilidade de cozinhar e pelo quanto é mais saudável mas também, principalmente, pela facilidade no lavar da louça e utensílios de cozinha.
Não, nunca me dei bem a estrelar ovos!

Dizia-nos o EB:
Muitas vezes as coisas mais simples são as melhores. Na culinária esta regra é particularmente interessante. Mais simples significa, normalmente, mais rápido, mais barato e mais saudável.”

Tive ainda oportunidade de algumas vezes experimentar outros "trabalhos" de cozinha, sempre na busca do mais simples, prático e menos ingredientes possíveis. Do meu curto cardápio destaco o que abaixo vos deixo para, doravante, constar da ementa da Tasca.

Maçãs no forno à Tasca

Ingredientes
4 ou 5 maçãs (verdes);
1 chávena “almoçadeira” de açucar escuro (amarelo);
1 chávena “almoçadeira” de farinha;
1/2 chávena “almoçadeira” de manteiga (prefencialmente m/ sal ou s/ sal);
Canela q.b.

Preparação
Descascam-se as maçãs, preferencialmente daquelas de cor verde, e cortam-se ao meio e em fatias (lâminas) finas, meia lua.
Acomodam-se muito bem num pirex médio e polvilham-se com canela.

À parte, junta-se o açúcar, a farinha e a manteiga (mole de preferência para facilitar a mistura) e amassa-se muito bem com as mãos (ou utensílio) até se obter um creme (massa homogénea), com a qual se cobrem as fatias de maçã no pirex.
Vai ao forno médio (+/- 160º, depende dos fornos) durante aproximadamente 45 minutos, com o calor “por baixo”.
Quando as maçãs aparentarem cozedura, ligue, se quiser, por breves instantes o calor “por cima” só para alourar um pouquinho (só uma breve corezinha, senão a massa fica demasiado dura).

Serve-se morno (o que é uma delícia no tempo frio) ou frio (o que também é uma delícia no tempo quente), ou serve-se normal (que é uma delícia para qualquer hora - lanche, pequeno almoço ou sobremesa).

Bons cozinhados!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A noite de Todos os Santruxas

Não há acontecimento mais foleiro na cultura popular portuguesa moderna que as manifestações que tentam celebrar o Halloween. Na noite de 31 de Outubro, anda agora por aí a mania de pôr em prática meia dúzia de rituais pagãos misturados com referências religiosas, tudo embrulhado em papel de fantasia meide in iunaitide steites ofamérica, esse colossal país riquíssimo em cultura electrodoméstica.

Para além das influências norte-americanas, estou convencido que a moda pegou devido a uma atracção que as abóboras exercem nos cérebros da classe média portuguesa, provavelmente devido à semelhança de formatos, cores e conteúdo. É evidente que o vazio interior fica irresistível quando iluminado artificialmente e o riso apatetado e desdentado das máscaras é genuinamente português. Assim, é com grande facilidade que, neste país de riquíssimas tradições culturais, se conseguem misturar Santos, Bruxas e Abóboras e chamar a isso um nome estrangeiro que ninguém sabe o que significa.

Eu acharia tudo isto normal se fosse feito num processo de intercâmbio cultural entre povos. Nós bem que podíamos importar estas foleiradas duvidosas dando em troca costumes nacionais do mesmo quilate, como marchar com arquinhos e balões ou escarrar para o chão. Mas não, o portuga é uma esponja no que se trata de absorver as modas alheias que lhe são propostas exclusivamente com o objectivo de capitalizar mais uns cobres, mas, em troca, fica-se pelos trocos.

Paulatinamente vão-se acrescentando ao calendário estes momentos-chave para promover o comércio do supérfluo. Já temos o S. Valentim namoradeiro, o Carnaval, os ovos da Páscoa, o Merry Christmas, o Halloween, o Dia do Padroeiro local... Atrás destes vêm o Fim-de-Ano na neve e outras escapadinhas de fim-de-semana. Não esquecer, também já muito celebrados, o Dia do Pai, o Dia da Mãe, o Dia das Tias...

Só falta incluir o Dia do Raio que os Parta. Com um pouco de jeito e um bom marketing, havia gente que ia adorar, desde que fosse americano e implicasse gastar mais uns tostões.

Machos de verdade

Há gajos que são uns anti-gravatas porque na verdade são verdadeiros machos!
Nada de coisas a apertar, ele é calças sem cinto, camisa desapertada, três pelos do peito à mostra, fio de ouro a despontar, espírito solto... Solto à conta de tintol da tasca!

Gostam de liberdade, da natureza, do cheiro da terra, especialmente da que trazem debaixo das unhas. Gostam do aroma da natureza e do cheiro a ratinhos mortos que exalam dos sovacoides.
Dependendo do clube, uns gostam de envergar verde atrás das orelhas e mesmo já lá dentro, se bem que a tender pro mais escuro. Outros exibem um vermelho ofuscante no olhar, mas sempre lá mais para tarde da noite, deve ser a cor do tinto a dar reflexos. E os azuis, bem, esses aparecem assim depois de virem chamar cá fora o Gregório, é que o tipo anda sempre a escapar-se prá rua, volta e meia tem que se o vir chamar pelo gajo.

Mas macho a sério não é um tipo de gravata!
Não!
Nada disso!
Macho que é macho usa ceroulas!
Como diz o Zé Molas "ciroilas" granda macho!!

A mim... assentam-me mal por causa do rabo, tenho pena!!!