domingo, 11 de outubro de 2009

24 - Operação Moelas (VIII)


- Então – concluiu Bauer após ouvir as explicações de Cátia Vanessa – quer dizer que isto é uma questão de concorrência, não tem ligações políticas?
- Claro que tem ligações políticas, sr Bauer! - disse um indivíduo alto e moreno, saindo da penumbra, juntamente com dois capangas armados – Quem é que pensa que vai financiar toda a campanha de reeleição de Aníbal Silva? Não se iluda, sr Bauer, tudo na vida é política e o encerramento da tasca do Silva é apenas um meio para atingirmos os nossos fins, assim também glorificando Alá. Palavra de Saihd.
- Mas isso não é justo! - argumentou Parménides.
- Cala-te infiel! Justo é o elástico das cuecas da tua mãe impura.
Parménides pensou que o indivíduo estivesse a falar com alguém fora do seu campo de visão, pois ele não se chamava infiel e sua mãe era uma senhora de bem que usava cintas adelgaçantes e não cuecas apertadas.

Bauer tentou soltar uma das mãos e, ao tentar, deu com o bolso traseiro de Parménides, onde repousava um inocente corta-unhas, que nas mãos treinadas do ex-agente, em breve se transformaria numa horrível e eficiente máquina de morte. Jogando tudo na psicologia, segundo a escola de pensamento de José Mourinho, Bauer tentou ganhar tempo:
- E o plano do Sheik Al Mufada é?...
Orgulhoso por poder mostrar a sua superioridade aos ocidentais, Saihd sorriu com desdém:
- Digamos que o Sheik está seguro que o presidente Silva vai ganhar e que também está seguro que, depois da reunião intermediada pelo primo do presidente, este não se irá opôr a dar um parecer positivo à construção de um shopping nos terrenos, actualmente considerados zona verde, do jardim Arqº Carrapatoso, a partir do qual estenderá uma rede de franchising de restaurantes de caracóis, permitindo branquear outras receitas...
Inebriado pelo seu próprio relato, Saihd não reparou que Bauer tinha sacado o corta-unhas de Parménides. Também não reparou que a lâmina do instrumento tinha dilacerado a corda que lhe prendia os pulsos. Nem reparou que Bauer tinha desembainhado a lima das unhas e contraído os músculos, num momento de concentração que antecedeu a tempestade.
Quando reparou, foi tarde.

Foram não mais de 30 segundos, onde parecia que o mundo tinha parado a sua rotação e a vida interrompido o seu curso, à excepção dos rápidos movimentos de Jack Bauer que provavam a razão de Einstein dizer que espaço e tempo eram relativos. Em menos tempo que leva o Ronaldo a trocar de namorada, Jack jogou-se para a frente, rebolando sobre si mesmo e retirando as amarras que seguravam as suas pernas à cadeira. Com o balanço, jogou o assento contra a cara do rufia à sua frente, o qual caiu inanimado de encontro a um tanque de decantação de caracóis, o qual tombou directamente no pavimento vários litros de baba dos animais.
Impulsionando-se como uma mola, Bauer jogou o seu peso para a frente e deslizou sobre a baba como de fizesse body-board, apanhando desprevenido o segundo vigilante, ao cortar-lhe a veia jugular com a lima do corta-unhas ao mesmo tempo que caía sobre Saihd, com o seu punho esquerdo a estabelecer contacto directo com o maxilar direito do marroquino.

Após colocar o seu adversário nos braços de Morfeu, correu a libertar Cátia Vanessa, que fez o mesmo a Parménides.
- Vamos embora, - disse Jack, aproximando-se da janela e inspeccionando o exterior – Sahid tinha a receita no bolso do casaco, já a recuperei e não tarda nada teremos mais companhia.
- Eu não me vou embora sem o meu Bigodes! Ele está ali dentro. - disse a decidida Cátia, apontando para um pequeno gabinete do outro lado do armazém.
Nesse instante, algo no exterior prendeu a atenção de Bauer, e ele soube que teria de agir rápido.
- Ok. Vocês vão buscar o gato, mas despachem-se. Encontra-mo-nos lá fora. - Dito isto, correu para o exterior do armazém.

Cátia e Parménides, que não via tanta acção desde que mudara a última vez a água ao aquário do seu peixinho vermelho, correram entre bidons e caixas para não despertar a atenção dos trabalhadores que se viam ao fundo do armazém. A jovem entrou de rompante no gabinete escuro com cheiro a oregãos e com as paredes cobertas de calendários que fariam corar Parménides, se ele não estivesse ocupado a desembaciar os óculos.
Reavido o felino, que dormitava num sofá velho, os dois saíram do gabinete em passo acelerado, que foi prontamente interrompido por um monhé de ar ameaçador, que lhes cortou a passagem.

1 Comment:

Piaget Study Center said...

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