quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

… Énda épi niú iar!

Grande PJ, grande PJ, quem sou eu à tua beira? … Um estúpido passarinho, que se esborracha numa das turbinas do teu cérebro supersónico? … Um camelo sem bossas? … Uma varejeira sem asas? … Um homo neanderthalensis, mas sem a parte do sapiens? Obrigado pela tua prestação ao longo deste ano e que tenhas um grande 2010 … com muita coisa quentinha para te “aconchegar”, que não propriamente e apenas collants e leite.

Obrigado também aos restantes co-tasqueiros, pois mais não seja ajudaram a colorir os dias de muitas pessoas.

À Frente. O que me trás por cá, é esta questão de todos desejarmos um novo ano cheio de saúde, paz, amor e prosperidade, esquecendo-nos muitas das vezes de olhar para trás e ver/aprender com o que se passou.

Pois o que se passou não foi propriamente um “annus horribilis”, mas uma coisa ali por perto, a que eu atrevo-me a chamar de “annus rascus”, a saber:

  • Susan Boyle, 48 anos, até então uma ilustre desconhecida, celebriza-se num concurso de música lá nas terras de sua majestade, mas acaba por ficar à rasca na final, a qual perde para um desses grupos de gajos quaisquer, cuja boa figura só serve para alimentar certas indústrias rafeiras;

  • Em contrapartida, e com apenas mais duas primaveras, finou-se essa figura mundial da musica pop, de seu nome Michael Jackson (Miguel, o filho de Jack), tendo-se apurado na autópsia que o seu corpinho danone já estaria à rasca com tanta absorção de medicamentos;

  • Por falar em brancos, nos EUA chega à presidência um afro-americano, o qual ainda arrebata, como brinde-surpresa a abrir mais daqui a uns tempos, um belo dum prémio Nobel da Paz. Escusado será dizer que essas eleições deixaram muita gente à rasca;

  • Entretanto, e para que a tremedeira não desse lugar a um cataclismo, o Xôr Presidente lá fez um arranjinho em Copenhaga com mais dois ou três artistas. Pois sim senhor – “As emissões de dióxido de carbono fazem mal ao planeta, mas se este não estiver bem que se ponha, até porque quem manda aqui somos nós e não se fala mais nisso, ai a porra já, vamos mas é acabar isto, que eu estou à rasquinha para ir ao WC!”;

  • Porra, porra, foi aquela história do BPN e BPP, principalmente para certos depositantes, os quais, segundo os próprios coitadinhos, estarão à rasca para sobreviver sequer;

  • Ao contrário daqueles, houve um individuo - aquele que ganha dinheiro a dar pontapés numa bola e que ao mesmo tempo ainda consegue fazer outra habilidade, que é a de falar com uma batata na boca - o qual embolsou a módica quantia de 94 milhões de euros, imagine-se, só porque trocou de camisola! Como se sentirão no meio disto tudo aquelas Senhoras de etnia cigana, as quais vêem as clientes mudar de camisola e que no fim acabam por nada comprar? À rasca, pois claro;

  • O que eu propunha às ciganitas (com todo o respeito), era que trocassem de negócio e se dedicassem à venda de sucata. Isso sim, isso é que está a dar. Bem sei que, caso o negócio não seja bem feito, há sempre a possibilidade de perdermos a galinha dos ovos de ouro e ficarmos novamente à rasca, restando-nos pegar numa vara e ir para as feiras pedir, de preferência com cara de vítima;

  • Quem nunca precisará de pedir, dinheiro, claro está, é o escritor hispano-português José Saramago, o qual, mesmo à rasquinha presume-se, ainda conseguiu escrever “Caim” (coin, em inglês), livro em que basicamente desanca na única religião que ele ainda teme ser mais forte que a por si (mal)criada;

  • Malcriada, segundo as más-línguas, seria a D.ª Manuela Moura Guedes para com os políticos e outros que tais, a qual viu o seu jornal de sexta suspenso e assim também se viu forçada a entrar de baixa, isto porque, segundo as mesmas más-línguas, andaria à rasca de dinheiro e, já que não se pode lixar o Estado de outra forma, pelo menos tira-se-lhe umas patacas;

  • Pelo meio tivemos eleições internas e foi o que se viu – Numas ou noutras, todos eles andaram à rasca. Só não viu quem é cego;

  • Quem nunca mais tornará a ver (o que, a continuar assim o estado das coisas, nem faz grande diferença), são aqueles seis desgraçados que tiveram o azar de ir parar ao Santa Maria. Já não lhes bastava o martírio de irem para os centros de saúde de madrugada, isto para terem uma vaga à rasca? Sinceramente!;

  • Bem sei que nem tudo são tristezas e ainda bem que o Astérix e o Obélix continuam a brindar-nos com as mil e uma maneiras de afiambrar romanos, isto há 50 anos. Não se tratasse de duas figuras míticas e o Berlusconi andaria à rasca, pois já se sabe que levar com um menir nos cornos deve ser bem mais doloroso que apanhar com uma miniatura de um edifício qualquer nas beiças;

  • À rasca, à rasca, andamos nós durante o ano com esta história da gripe A, efeméride que transformou um simples espirro num acto proibido de se efectuar em público, o que não foi mau para todos, nomeadamente os que sofrem de incontinência “flatal”, coisa nada admissível (e assumida) em público desde há muitos anos, muito menos se tal situação ocorresse num elevador;

  • Claro que, como em todos os posts que fui publicando ao longo do ano, também este haveria de acabar a cheirar mal e por isso volto ao FUTEBOL. Ora, não é que a nossa selecção lá se apurou para o mundial à rasca!? Eu sei, já não podemos com tanto pontapé na bola, mas estejam descansados, pois ou é de mim, ou tenho o pressentimento (um feeling, portanto) que depressa eles vêm de malas aviadas.

Muito mais haveria para relatar, mas fico-me por aqui (aleluia), não sem antes dizer-te, ó 2009, que até gostava de te deixar um “porreiro pá”. No entanto, e como te portaste mal, lamento só poder oferecer-te isto:

Bom ano para todos!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

ui uíxu a mérri crishmas!


Olá, o meu nome é Parménides Juvenal e moro aqui no bairro.
Bem sei que não devia andar na rua a esta hora, mas vim aqui à tasca num instante comprar aguardente para a minha mãe, que está a fazer uns sonhos de Natal, por isso não posso demorar porque senão ela fica preocupada.
Parecendo que não, se eu demorar muito, a massa leveda sem aguardente e depois os sonhos já não sabem ao mesmo.

Só tenho boas recordações do Natal. Aliás, um dos momentos altos da minha vida foi quando fui escolhido para a peça de Natal da escola, e calhou-me logo o importante papel duma pedra, na qual se sentava o pai do menino Jesus. Por acaso tive sorte, porque esse papel estava destinado a um banco de madeira, mas que à última hora não pôde participar por ter partido uma das pernas.

Noutro Natal, recebi uns dos melhores elogios que ouvi até hoje. Chamava-se Susana, tinha sardas e eu estava completamente apaixonado pela forma carinhosa como ela gritava "Sai da frente, inútil", enquanto subíamos as escadas para a sala de aulas. Recordo-me como se fosse há 20 anos, quando ela olhou para mim, eu na aula de ginástica, com colants verdes (eram mais quentinhos e o pavilhão era um bocado frio) e diz-me “Para pinheiro de Natal só te faltam as bolas”...
Senti-me levitar de paixão como uma bola de sabão!
Isto pode parecer um pensamento muito erudito mas reconheço que tenho sido influenciado pelos livros do Lobo Antunes que leio (mas escondidos entre as páginas da Playboy, não vá o meu pai apanhar-me a ler coisas que fazem mal aos olhos).

Bom, mas fico por aqui, espero não ter incomodado, vou andando, desejo um feliz Natal a todos os senhores e senhoras e também àqueles que, segundo o meu pai diz, pegam de empurrão.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Um sonoro silêncio

O compositor austríaco Anton Webern pertenceu ao conjunto de autores que, no início do século XX, encaminhou a música na direcção da atonalidade, isto é, a ausência de harmonia baseada nos acordes tradicionais.

Alex Ross, no seu livro O Resto é Ruído, descreve de forma muito interessante um trecho da obra Seis Peças, opus 6 de Webern, composta em 1909-10. Aqui fica a descrição e um vídeo, no qual a passagem a que Ross se refere tem início aos 3:50 e demora cerca de 4 minutos.

A meio da sequência há uma procissão fúnebre que começa com uma agourenta tranquilidade, com um ressoar de tambores, de gongos e de sinos. Diversos grupos de instrumentos, entre os quais predominam os trombones, gemem acordes de cariz inerte e contido. Um clarinete toca uma melodia aguda, lamuriante e envolvente, em mi bemol. Uma flauta alto responde com timbres baixos e roucos. Uma trompa e um trompete produzem em surdina outros fragmentos líricos e acordes subterrâneos. É então que os trombones soltam um grito e os sopros e metais os seguem. A peça termina com uma sequência esmagadora de acordes de nove e dez notas, após as quais a percussão inicia o seu crescendo que culmina com um rugido que liquida qualquer tom. E assim começou a idade do ruído. (...)

As obras de Webern estão suspensas num limbo entre o ruído da vida e o silêncio da morte. A facilidade com que um se funde no outro significa que das suas obras emana uma percepção filosófica clara e profunda. O crescendo na marcha fúnebre da Opus 6 está entre os fenómenos musicais de maior volume sonoro da história, mas ainda mais sonoro é o silêncio que se lhe segue e que fere os ouvidos como um trovão.



Alex Ross
O Resto é Ruído - À Escuta do Século XX
Casa das Letras, 2009

Anton Webern
(1883-1945)
Seis Peças, opus 6
Orquesta Joven de la Sinfonica de Galicia (OJSG)
David Ethève (maestro)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Carbonara de curgetes

Tenho sérias dúvidas sobre qual a melhor grafia para esta variedade de abóbora de nome afrancesado. Corgete, curgete ou courgete? Opto pela proposta do dicionário da Priberam. Em contrapartida, não tenho dúvida alguma sobre a enorme qualidade gastronómica que este fruto imprime a algumas receitas.

É o caso desta carbonara (hum... isto parece ser italiano) que adaptei depois de a pescar num programa de televisão de Jamie Oliver (este é inglês - eis a Tasca Global!). Simples, fácil, rápida e deliciosa.


Ingredientes (para 4 pessoas)

2 curgetes
150 g de bacon
300 g de massa tipo penne
2 ovos
1 pacote de natas (200 ml)
queijo parmesão ralado
alho
tomilho
azeite
sal
pimenta


Receita

Lavar e cortar as curgetes ao meio e depois em quartos. Retirar a parte central que tem as sementes. Cortar depois cada quarto de curgete em tiras diagonais (de tamanho semelhante ao da massa penne).

Num recipiente, juntar duas gemas de ovo, as natas e o queijo parmesão ralado (cerca de 3 colheres de sopa).

Cozer a massa em água temperada com sal. Escorrer e reservar cerca de meio decilitro da água da cozedura.

Num tacho largo ou numa frigideira alta, fritar o bacon numa colher de azeite. Acrescentar o alho picado. Juntar as tiras de curgete. Temperar com tomilho e pimenta. Deixar as curgetes fritar 5 a 10 minutos, de forma a ficarem cozidas mas um pouco rijas.

Juntar a massa e mexer, envolvendo bem todos os ingredientes. Retirar do fogão e juntar a água da cozedura da massa e a mistura dos ovos, natas e queijo. Mexer bem até a mistura ficar cremosa.


sábado, 12 de dezembro de 2009

Claimeitegueite

No momento em que decorre a Conferência sobre Alterações Climáticas em Copenhaga, é altura para lembrar o caso Climategate. Em Novembro passado, pessoas desconhecidas acederam a um computador do CRU (Climatic Reserch Unit), em Norwich, Inglaterra, tendo obtido e divulgado e-mails confidenciais que mostram que alguns "cientistas" têm deturpado os dados tornados públicos sobre o aquecimento global, exagerando o fenómeno.

Este caso junta-se assim aos argumentos que vão no sentido de que o aquecimento global é uma grande treta ou, a haver algum aquecimento, ele não deriva da actividade poluente dos seres humanos.

Já sabemos que há coisas que não são o que são. Por isso, devemos cultivar o cepticismo. Ser céptico permite ver as coisas para além daquilo que elas parecem ser. Pelo menos algumas. É por sermos cépticos que "o mundo pula e avança". Mas fica uma sempiterna dúvida. Onde pode parar o cepticismo? Neste caso concreto, devemos acreditar que os e-mails comprometedores e a fraude científica existem mesmo?

A controvérsia está, mais do que nunca, acesa. O que pode muito bem ser uma das causas do aquecimento global.

A dralien day

Para mim, os melhores jogos de computador são aqueles em que o jogador não tem que usar a destreza motora, mas, em vez disso, tem de ficar a olhar para o ecrã a tentar resolver situações enigmáticas, fazendo uso de capacidades como o sentido de observação, a intuição, a inteligência, a imaginação, o sentido de humor e o nonsense.

A Dralien Day é uma deliciosa miniatura em palataforma flash jogável na Internet. Em apenas meia dúzia de níveis muito simples, combina o melhor do género com uma sessão de um inofensivo shoot'em up.

Para não aborrecer muito os mais impacientes, até tem ajuda com a solução de cada nível. Mas não a usem. Resolver o enigma sem ajuda é muito mais emocionante.