quarta-feira, 6 de maio de 2009

O engenheiro Simões

Esta história é verídica. Contou-ma o meu amigo AJ:

O engenheiro Simões? É pá, o engenheiro Simões é o homem mais forreta do mundo! Aquilo é mais agarrado ao dinheiro que sei lá o quê. Já o pai era um grande forreta, podre de rico mas forreta, e ele saiu ao pai. Olha, eu tenho uma história passada com o engenheiro Simões que mostra bem a forretice deles. O engenheiro Simões, na altura em que entrou para a Universidade andava a chatear o pai pra lhe comprar um automóvel. Isto aí por volta de 1965. Ó pai, compra-me o carro! O pai não comprava coisa nenhuma. Ó pai compra-me o carro! E o pai não comprava. Ó pai compra-me lá o carro! E o pai, nada.

O engenheiro Simões andava pior que estragado com o pai porque ele não lhe comprava o raio do carro. Uma noite, estávamos eu e o engenheiro Simões a jogar bilhar na Associação às quatro da madrugada e o engenheiro Simões estava danado e não parava de chamar forreta ao pai. Dizia ele: aquele sacana não há meio de me comprar o carro, é um forreta do caraças, nunca vi ninguém tão forreta como ele! E coisas assim...

Acontece que nessa mesma noite em que eu jogava bilhar com o engenheiro Simões, morre-lhe o pai. Morre-lho o pai e o engenheiro Simões, que era filho único, herdou nessa noite toda a fortuna. Sabes o que aconteceu? O engenheiro Simões só comprou o carro passados quatro anos depois do pai morrer! Quer dizer, o pai era uma grande forreta, mas o gajo conseguia ser ainda mais forreta que o pai!!

Ouve, podes ter a certeza, o engenheiro Simões é o homem mais forreta do mundo!

2 Comments:

Rute said...

Não é que tenha muito a ver, mas esta história recorda-me uma amiga minha de infância que passava o tempo a chamar-me forreta, porque não lhe comprava um bolo, porque não lhe dava isto ou aquilo.

Há pouco tempo ela disse-me algo como "pois, na altura chamava-te forreta, hoje entendo que tinhas razão"

;-)

XN said...

Esse lapso de tempo, esse herdar de feitios, não podia vir mais a propósito do período político-social que estamos a atravessar. Obrigadinhos ao Xôr EB por nos refrescar a memória (XN mode irónico … já não basta aquilo que um gajo tem de aturar - ou não – nos telejornais, e vem este individuo agoniar-nos ainda mais … porra!).

O que me impeliu no entanto a vir aqui arrotar, foi que esse relato fez-me lembrar a história do sr. doutor do Sobrado (http://www.casadosobrado.com/). Segundo se consta, pois não o conheci pessoalmente, era um homem deveras avarento, reservado e frio, tão frio que nem deve ter aquecido suficientemente os motores para fecundar a mulher. Pelo contrário, a sua relação com a “companheira” era pautada pela personalidade característica de grande parte dos doutores do antigamente – aqueles a que se tirava o chapéu, sempre que se passava por eles, porque, dizia-se, o respeitinho era muito bonito. Se bem que esse respeito não tinha exactamente o mesmo significado que aquele que os nossos Pais entretanto nos incutiram.

Um dia, o sr. doutor do Sobrado, porque o seu carro avariou, lá teve de aproveitar a boleia no carro da mulher (a desgraçada tinha pelo menos um carro, embora que nada de especial). Pelo caminho, a triste mulher sentia que o carro não andava como o costume e lá foi comentando tal facto ao marido, o qual, na sua altivez, nem sequer piou. Chegados entretanto a umas bombas de gasolina para dar de beber aos cavalos, o burro do setôr abre finalmente a boca e diz ao funcionário das bombas “oiça lá, diga aqui à minha mulher para baixar o travão de mão!”.

Hoje, uns bons anos após a morte do dr., o que ficou daquele homem foi aquela história e pouco mais (deixou uma fortuna a indivíduos que pouco ou nada lhe diziam). Penso no entanto que tal dr. nem era dos piores, pois sempre teve a inteligência de não deixar herdeiros e potenciais seguidores da sua forma de ser … Obrigado doutor!