sábado, 1 de agosto de 2009

O que nunca lhe contei

Dois pequenos buracos na parede despertam-me a curiosidade. O que estará do outro lado? Procuro em volta e descubro um pequeno ferro. A tentação é forte demais para conseguir resistir. Mesmo à medida! Exploro, faço girar o pequeno ferro dentro de um dos orifícios da parede, mas nada de novo. Tento então retirar o ferro mas este não cede. O pânico começa a gerar-se, recordo que a minha mãe está mesmo na sala ao lado, entretida com os seus arranjos de costura, penso que fiz algo de muito errado ao brincar com aqueles orifícios na parede, e num último impulso de medo puxo com toda a força o ferro encravado. Sinto um esticão, um formigar intenso a percorrer-me o corpo e desato num choro inconsolável, não sei se pelo susto do que acabo de sentir, se pelo medo da reprimenda da minha mãe. Ela num sobressalto corre para mim, abraça-me e procura saber porque choro. Coloca-me no seu colo, procurando que me acalme e lhe conte o que aconteceu. Eu não conto. Limito-me a soluçar e a esperar que ela não me castigue. Ela não insiste em querer saber o que aconteceu, apenas em que eu finalmente me acalme e pare de chorar. Consola-se por terminar mais uma choradeira sem motivo, eu consolo-me por ter escapado da reprimenda, e ainda ter tido direito a tanto mimo…

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