terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A Economia

Há fenómenos curiosíssimos na Economia. Por exemplo, as actualizações salariais são sempre niveladas pela inflação esperada no próximo ano, coisa que ninguém pode saber qual é, e nunca pela inflação real do ano anterior, que é perfeitamente conhecida. Desconfio que esta prática se deve ao facto de a inflação real ser sempre superior à esperada, mas não tenho a certeza.

Outro conceito interessantíssimo é o PIB, um indicador que, ao que parece, deve estar sempre a aumentar, pois mede a riqueza de um país. Em termos simples, o PIB é a soma da actividade das empresas. Se eu tiver de tratar de um assunto e escrever uma carta, o serviço que me é prestado vale o custo de um mero selo do correio. Mas se eu telefonar, a factura da operadora de telecomunicações será superior. E se eu me deslocar de automóvel para tratar pessoalmente do assunto, o valor do consumo em combustível é substancialmente maior. Quanto mais eu gasto maior é o valor do meu contributo para o PIB nacional. Daqui eu concluo que o país será tanto mais rico quanto mais pobre eu me tornar.

A Economia fascina-me. Ou melhor, fascinam-me os esforços que os economistas fazem para tentar compreender, explicar e intervir na Economia. Fazem-me lembrar médicos falhados, sempre a fazer diagnósticos a um eterno doente que teima em padecer tanto da doença como do tratamento. Baixar a inflação é fácil, mas isso provoca desemprego. Há várias medidas eficazes para acudir ao desemprego, mas aplicá-las gera défice orçamental. Baixar o défice orçamental não é difícil, mas estagna a actividade económica. E por aí fora.

Ao fim de vários anos de observação desta interessante actividade, eu concluí que os fenómenos económicos são tão controláveis como o tempo atmosférico. Chove a cântaros há dois meses consecutivos provocando catastróficas inundações? O governo anuncia medidas radicais para parar a chuva, de entre as quais sobressai a publicação de uma lei que regulamenta a atribuição de subsídios para adquirir impermeáveis. Ao fim de mais um mês continua a chover? Vem o Ministro da Especialidade dizer que isto de medidas políticas leva o seu tempo a fazer efeito. Mas, finalmente, vem o momento em que a chuva dá lugar a dias de radioso sol, provando-se assim que as medidas tomadas acabaram por dar o seu fruto. Irá depois entrar-se num período de seca, mas isso só vai dar a oportunidade aos especialistas para anunciarem novas medidas para corrigirem esse problema.

O meu interesse pelas coisas da Economia iniciou-se há mais de 30 anos, quando Portugal negociou com a Comunidade Económica Europeia condições favoráveis para a penetração do tomate nacional no mercado europeu. Eu fiquei intrigado ao ler sobre a importância da coisa no Diário de Notícias. Portugal lançava-se de forma decisiva no caminho do desenvolvimento. E eu fiquei firmemente esperançado que os tomates cumprissem a sua função, o que, pelos vistos, aconteceu. Hoje estamos, sem dúvida, mais desenvolvidos. É pena que não tenham feito o mesmo com a salsa e as cebolas.

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