domingo, 14 de setembro de 2008

CSI:TDS - "Afinal havia outra" - parte I

Entre os vários mitos urbanos induzidos pela música moderna, está aquele que diz que Nova Iorque é a cidade que nunca dorme, olvidando que todas as cidades frenéticas e fervilhantes assim o são.

Esta é uma cidade onde, para muitos cidadãos, o trabalho nocturno é uma regra: do técnico de higienização de ruas a uma empregada de uma loja de chineses, de uma colaboradora do estabelecimento de madame Sissi a um criminologista a trabalhar no turno da noite. Também esta cidade nunca dorme, também este bairro nunca adormece.

A noite estava escura e fria, como compete a uma noite de lua nova, em que o termómetro desce abaixo do habitual. Na parte baixa, da madrugada ao anoitecer, o alcance das brilhantes luzes de néon do estabelecimento de madame Sissi emprestam vida àquele bairro, competindo com um milhão de estrelas fixas no firmamento negro, tão longínquas e minúsculas quando comparadas com José Mourinho ou Cristiano Ronaldo. Na parte alta, o ambiente é outro e a calma aparente pode quebrar-se a qualquer momento, como um copo de três que cai do balcão da Tasca do Silva directamente sobre os frios mosaicos do pavimento.

Um homem sai cambaleante do estabelecimento, com uma mão tacteando o caminho como um invisual e outra agarrada ao peito, sobre o lado esquerdo, crispada, como se tentasse agarrar a vida que se lhe esvai como areia fina de entre os dedos. Parménides Juvenal, morador do bairro, atravessa o passeio despreocupado, depois da sua saída nocturna para levar o lixo ao ecoponto, quando o cambaleante sujeito avança sobre ele. Tenta agarrar-se a Parménides, cravando-lhe as unhas na carne, mas o último sopro de vida esvai-se e o seu corpo cai redondo aos pés do jovem atónito, que sente um ligeiro descontrolo do seu esfíncter e pressente uma pequena mancha acastanhada nos seus boxers.

Em estado de pânico, corre para casa quase à mesma velocidade que o seu pensamento trabalha sobre um sobressalto que lhe inquieta o espírito: todos os segundos podem ser vitais para que o leite morninho, que o aguarda antes de deitar, não arrefeça...

4 Comments:

XN said...

Sabendo eu, como sei, do profissionalismo e sagacidade dos detectives, que com certeza investigarão até ao ínfimo pormenor as causas da morte, desde já aconselho o infortunado Parménides a não lavar as cuecas!
Já fui tarde? ... azar o teu ... quem te mandou reciclar de madrugada? ... quem acreditará numa coisa dessas?

Pinto Madeira said...

ha haha ha hah ha h ha ha h ha hah ha ha ha h h ha ha ha ha ha ha haah a ha ha ha haha ha hah ha h ha ha h ha hah ha ha ha h h ha ha ha ha ha ha ha haha ha hah ha h ha ha h ha hah....wc... ha ha ha h h ha ha ha ha ha ha haah a ha ha hahaah a ha ha haha ha haha ha hah ha h ha ha h ha hah ha h ha haha ha hah ha h ha ha h ha hah ha ha ha h h ha ha ha ha ha ha haah a ha ha haa ha h h ha ha ha ha ha ha haah a ha ha ha....

suspiro

PJ said...

Não colocando em causa a independência do comentário acima, sou forçado a discordar que "ha haah a ha ".
Quando muito, ah ah ah ah.

Anônimo said...

O leitinho morninho tá feito...ai..ai..vai ser suspeito...aquela cravadela de unhas na pele vai trama-lo!!!!!
A ver....