sábado, 6 de setembro de 2008

Há vida para além da porca e do parafuso!?

Acabado o período a que alguém se lembrou de chamar de férias, eis que regressamos à vidinha do dia-a-dia.

Hoje em dia já não me custa tanto ultrapassar esse tormento que era o “Jet-Job”, pois já se sabe que noutros tempos, os de solteiro, depois de muitas noites que tinham tanto de bem bebidas, como de mal dormidas, a coisa custava a engrenar e era ver-nos a ressacar em pleno trabalho, tipo olhar para a máquina da água ao canto do escritório e imaginar um barril de “Super-Bock” fresquinha, ou então olhar para a colega do lado e imaginá-la em fio dental (e talvez até dizer-lhe “tu és fresca”… espera, já estou a sonhar… naqueles tempos penso que ainda não havia dessas modernices, perdão, “porcalhices”).

Uma das coisas úteis que fiz nas ditas férias, por estranho que possa parecer, foi levar o puto mais velho ao cinema. Sim, leram bem – AO CINEMA!

Agora não é bem cinema… é mais um aglomerado de capoeiras à escolha do freguês… então aquela parte das pipocas e da cola é que acabam com a minha paciência… mas onde foi parar o velho costume de levar uma gaja ao cinema para lhe dar umas trincas?… pipocas?… comei-as vós!… melhor, comei o milhinho em cru… pode ser que rebente nessas entranhas imundas de tudo… e ao mesmo tempo limpas de nada!

Reparei agora que já escrevi “porcalhices” e “imundices”. Nada mais a propósito para introduzir aquilo que eu vi.

Chegados ao dito aglomerado de salas de cinema, depara-se-nos logo uma tarefa árdua e difícil, que é a de escolher os filmes – outra coisa que não existia antigamente, pois limitavamo-nos a ir ver um único filme que estava em exibição uma série de dias seguidos, e por isso já sabíamos para o que íamos. E mesmo que não soubéssemos era igual ao litro, pois basicamente era tudo à base de murros, tiros e facadas… salvo as sessões das quartas-feiras, em que a malta, mesmo no verão, ia munida dum sobretudo… de preferência com um ou dois tamanhos acima do que gastávamos.

Acabei por escolher o “Wall-E”, dada a minha companhia, e em boa altura o fiz, ou nem por isso, dados os problemas existenciais que acabei por acumular aos que já trazia e que são muitos, como sabeis.


“Wall-E”, resumidamente, trata-se da história de um pequeno e simpático robot, cuja missão era a de limpar o planeta Terra depois deste ter sido abandonado à força pelo homem – o mesmo homem que o encheu de tudo quanto era porcaria.

O pequeno robot, que há centenas de anos se limitava a arrumar sucata sozinho, acaba por conhecer uma robot, de seu nome Eve, enviada à terra pelo homem que agora vivia numa enorme nave, Eve essa pela qual o “E” se apaixona e acompanha para tudo quanto é lado, mesmo quando esta regressa à nave que a tinha deixado no nosso planeta.

Por detrás desse grande amor entre dois indivíduos de lata, está uma história mais profunda e abrangente, pois é esse casal de pombinhos que acaba por dar uma visão da vida ao homem, da qual este já não se lembrava, sendo que no fim todos regressam à terra, robots incluídos (eram às manadas e faziam de tudo lá na nave espacial onde a humanidade vivia desde que abandonou a terra… presumo que até limpavam o cuzinho dos bebés, a crer no aspecto arredondado de toda a gente), para supostamente recomeçarem tudo de novo.

“Muito bonito sim senhor”, disse para mim mesmo mal saí da sala. No entanto, mais tarde estive a pensar naquilo e cheguei à seguinte conclusão – “Espera, está tudo errado, logo a começar pela “gaja” por quem se apaixona o “E”… mas ela até se chamava Eve… onde é que eu já vi isto?… Robots?… Mas não foi por causa da nossa ânsia em não fazer um corno, que acabamos por mecanizar tudo, inclusive o nosso pensamento?”.

Senhores da “Pixar”, vós sois de facto muito criativos, disso não restam dúvidas e por isso aqui vos faço uma vénia. Agora não me venham lá com tretas de histórias profundas, porque dessas nós já conhecemos da história passada e da presente, e até já sabemos o final da história. Olhai, se queríeis fazer uma coisa realmente bem feita, pegavam em dois humanos, tipo o Joaquim e a Gertrudes, punham-nos a exterminar todo o homem-máquina que por aí empesta a humanidade e, para abrilhantar a coisa, metiam umas belas cenas de amor e sexo pelo meio …. ISSO É QUE ERA!

Ok, eu sei, sou um sonhador e nada do que eu penso já faz sentido. Por falar em fazer sentido e para dar um tom de humor à coisa sensaborona que escrevi, deixo-vos aquilo que eu considero ser de um humor refinado e em que, aqui sim, se vê a verdadeira utopia a que chegámos nos dias de hoje. Ora saboreiem lá:




Bem, está na hora de mudar o óleo… às azeitonas!

5 Comments:

Pinto Madeira said...

eu só tenho dois...ou talvez três... ou mais comentarios a fazer....
1º ja me estragaste a cena do filme, pois detesto que me contem o final das coisas...
2º denoto que precisas de férias DAS férias, pois vens mais atrofiado que o costume..
3º mas afinal qual moral deste post???
4º e o que tem a ver a historia do wall-e com o o que consideras humor refinado???

ja me deixaste de mau-humor...

PJ said...

Muito pouca gente repara no paralelismo conceptual entre "Wall-E" e "Tempos Modernos" de Chaplin, portanto, se o meu caro pensar nisso a sério, eis que lhe arranjei mais um problema existencial.

Também se comprova, não é preciso ter um parafuso a menos para entender de porca(lhices).

XN said...

Caríssimos arrotadores:- Confesso que se apodera de mim uma enorme emoção e uma ponta de prazer (que não carnal, entenda-se), sempre que reparo ter havido alguém com problemas eructacionais e que aqui liberta os gases pela boca. Não posso no entanto esconder que já não suporto tão bem como noutros tempos determinados odores ... nomeadamente os derivados da ingestão em demasia de enchidos, seja qual for o recheio dos mesmos. Não será o caso daqui com certeza, mas que senti algo parecido com um mix de cheirete de estrugido e roupa queimados, isso não posso negar. Enfim, o homem, por muito que queiram, ainda não é uma máquina, e daí não ser ainda possivel que este consiga cozinhar, passar a ferro e escrever ao mesmo tempo ... assim género uma multi-funções das lides domésticas. MORAL DA HISTÓRIA - Nunca uma máquina poderá substituir o homem, enquanto este ultimo pensar que a dita máquina será, nada mais, nada menos, que uma extensão de si mesmo!

Pinto Madeira said...

man... voltei a não entender nada do que dizes.... psicoterapeuta deve dar resultado... devias consultar... o do PJ já fez maravilhas... ele já consegue escrever.."paralelismo conceptual"...seja la o que isso for...

PJ said...

Não tenho culpa de ser dotado de níveis extremamente elevados de cultura substancial.