quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A noite de Todos os Santruxas

Não há acontecimento mais foleiro na cultura popular portuguesa moderna que as manifestações que tentam celebrar o Halloween. Na noite de 31 de Outubro, anda agora por aí a mania de pôr em prática meia dúzia de rituais pagãos misturados com referências religiosas, tudo embrulhado em papel de fantasia meide in iunaitide steites ofamérica, esse colossal país riquíssimo em cultura electrodoméstica.

Para além das influências norte-americanas, estou convencido que a moda pegou devido a uma atracção que as abóboras exercem nos cérebros da classe média portuguesa, provavelmente devido à semelhança de formatos, cores e conteúdo. É evidente que o vazio interior fica irresistível quando iluminado artificialmente e o riso apatetado e desdentado das máscaras é genuinamente português. Assim, é com grande facilidade que, neste país de riquíssimas tradições culturais, se conseguem misturar Santos, Bruxas e Abóboras e chamar a isso um nome estrangeiro que ninguém sabe o que significa.

Eu acharia tudo isto normal se fosse feito num processo de intercâmbio cultural entre povos. Nós bem que podíamos importar estas foleiradas duvidosas dando em troca costumes nacionais do mesmo quilate, como marchar com arquinhos e balões ou escarrar para o chão. Mas não, o portuga é uma esponja no que se trata de absorver as modas alheias que lhe são propostas exclusivamente com o objectivo de capitalizar mais uns cobres, mas, em troca, fica-se pelos trocos.

Paulatinamente vão-se acrescentando ao calendário estes momentos-chave para promover o comércio do supérfluo. Já temos o S. Valentim namoradeiro, o Carnaval, os ovos da Páscoa, o Merry Christmas, o Halloween, o Dia do Padroeiro local... Atrás destes vêm o Fim-de-Ano na neve e outras escapadinhas de fim-de-semana. Não esquecer, também já muito celebrados, o Dia do Pai, o Dia da Mãe, o Dia das Tias...

Só falta incluir o Dia do Raio que os Parta. Com um pouco de jeito e um bom marketing, havia gente que ia adorar, desde que fosse americano e implicasse gastar mais uns tostões.

4 Comments:

Anônimo said...

Curioso!!! Ainda ontem à noite a minha filha mais nova me veio com essa de ir celebrar o áluine e eu lhe disse exactamente que são americanices e nós não temos nada que ver com esse filme.
Importamos mesmo toda a merda. Como sempre ao fim da tarde, vou ali beber uma bejeca e o Nuno estava com umas calças novas mas, todas rôtas nos joelhos, coçadas que mais parecia terem 20 anos e sujas. Disse-me que lhe tinham custado 130 Euros!!!
"130 Euros?" - Respondi eu. - "É pá, ó Nuno. Vais à praça, compras calças baratuxas e à noite, arrancas direito ao Bairro das Marianas, roubas as calças do estendal e deixas lá as que compraste na praça, ficam todos a ganhar."

Ze dos Anjos said...

Estava ontem à noite por aqui a "queimar as pestanas" e ouço algazarra que se farta na rua...
Não bastando, já a noite ia adiantada, queria dormir mas era um autentico carnaval lá do bairro, de tal modo que me apeteceu descer à rua e pegar aqueles/as anormais pelo "cachaço" e fazer-lhes das trombas esfregão até estarem bem limpas as imundices deixadas pelas ruas, portas, carros, etc.. Mas se apanhasse algum em flagerante, fazia, fazia... e depois que não se queixassem, pois que, se a causa era uma brincadeira o "efeito" se-lo-ia também!
Um dia fiz, há 2 ou 3 anos, fiz isso a um... de tal modo que os papás vieram, indigndos, "pedir-me contas"... parece-me que os deixei convencidos de que a brincadeira tem esses dois lados!!!!
Ainda não importamos o tal dia de "Acção de Graças" qualquer dia...

XN said...

Concordo plenamente "EB"!

De facto, apareceram-me lá no meu cubículo (há quem chame àquilo - ao apartamento - uma habitação) vários putos, os quais, mal eu abria a porta diziam "doçura ou travessura", expressão que a minha mente perversa quase me obrigava a entender como sendo "ou me dás um doce, ou então espetas-me com uma travessa de madeira nos cornos". Lá vinha a mim entretanto e acabava por lhes dar uns chupas baratuxos que a minha mulher tinha comprado no "Plus".

Mas, no fundo no fundo, para mim aquilo mais não é do que uma forma soft de mendigar!

Bem, o que me leva a "arrotar" aqui, não é bem a questão de nós só importarmos as merdas dos outros e de raramente o fazermos relativamente às coisas boas que os outros têm (somos assim tipo uma ETAR em forma de rectângulo). O que de facto me trouxe aqui, foi a necesidade que eu senti de desabafar em relação ao seguinte:

Ontem, dia de todos os santos, lá rumei ao cemitério cá da merdaleja, no qual, entre outros inquilinos, encontra-se alojado o Pai deste marmanjo (O Sr. Basilio, grande Homem que me vem à memória muitas vezes, pois tinha um coração enorme, coração esse que parou repentinamente, graças à estupidez de um desses burróides que alinham nas americanices e outras paneleirices sem pés nem cabeça e esquecem-se que acima de tudo devem é respeitar os outros, nomeadamente a sua vida).

Esse dia, também conhecido pelo "dia dos fiéis defuntos", mais não é do que uma grande palhaçada, pois o que eu sistematicamente vejo é uma coisa mais parecida com um concurso de arranjos de campas. A exemplo desses concursos em que se oferecem prémios para a melhor montra, para quando um concurso para a campa mais bem arranjada, caralho?

Desculpem a expressão, mas aquilo já começa a meter nojo. Um dia destes, estou a ver o senhor abade a restituir o dinheiro da missa àquela viúva que melhor decorou a ultima morada do finado!

Por outro lado, enquanto que eu apareci lá no cemitério com as minhas calças rotas e os meus ténis (o mesmo que utilizo em todos os outros dias), não faltavem lá man´s engravatadinhos como que a querer dizer "ai e tal, eu venho assim vestidinho em sinal de respeito pelo morto". Cambada de hipócritas, pois todos nós sabemos que muitas vezes, mal o "ente querido" estica o pernil, lá andam os herdeiros (os engravatados) às turras por causa de meia dúzia de tostões que o infeliz deixou ficar!

Depois, a partir de determinada altura do ritual, é vê-los em amena cavaqueira com outros engravatados, tipo "porra que este ano tive menos cinco pipas de vinho que o ano passado!".

Qualquer dia ainda vou ver quatro gajos sentados na campa de um infeliz qualquer, a jogar à sueca!

Perguntarão vocês: mas afinal o que estavas lá a fazer??? - Eu respondo - Estava lá por respeito à minha Mãe, pois ela, incapacitada de ir, faz questão em que eu esteja presente e eu faço questão em respeitar a sua vontade, pois de outra forma eu nunca lá punha os pés naquele dia, dado que vou lá amiúde, nomeadamente sempre que tenho saudades do Homem!

Mas, o que eu ontem vi de pior lá no cemitério, foi, a determinada altura da missa realizada na pequena capela existente no local, uma senhora mulher dum engravatado qualquer, a descer as calças do filhote, de forma a que este despejasse a bexiga na parede da própria capela, à frente de toda a gente!

Não me admira nada que ainda durante a nossa existência, haja um iluminado qualquer a tentar realizar uma "rave" em pleno cemitério!

Para mim, aquele dia é o da "santa paciência"!

Anônimo said...

Q má disposição que por aqui paira...deixa-me fugir........senão ela ainda me apanha.


Quanto ao concurso que o XN aqui tão bem retrata...subscrevo.....plenamente de acordo.........PALHAÇADA.