quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Os "Bês" pelos "Vês"

O Ti Carlos tem uma palavra chave. Parece-me a mim que será a palavra que mais utiliza diariamente. Criatura rude, reformado, pouco ou nada para fazer, passa a vida de tasco em tasco e é de adivinhar a palavra que vai sair quando se encosta ao balcão a cambalear. – “BINHO” – Diz alto e bom som. – “Obrigado” – Penso eu e todos os presentes, alguém mais ouviu outra coisa daquela boca para fora?

Sendo tão corriqueiro, fico sempre a pensar naquilo. O Ti Carlos bebe binho mas, ao almoço, comeu uma bela posta de vacalhau com vatatas ou, eventualmente, uma costeleta de nobilho.

Pois é. Nunca percebi esta troca dos “Bês” pelos “Vês” . É que é tão fácil dizer vinho como binho ou bacalhau e vacalhau.

Vá-se lá saber!!!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O poder da inércia, ou a inércia do poder


Está um gajo a ver o jogo FCP v LEIXÕES SC quando, no intervalo, aparecem dois anúncios seguidinhos que deixam um gajo a pensar.

Ainda pensei em ir para casa no intervalo e aconchegar-me à beira da minha Maria, isto enquanto a coisa ainda funciona sem comprimidos milagrosos.

Mas depois pensei “porra, deixa-me lá ver a segunda parte e emborcar mais umas bejecas, pois enquanto estou aqui parado a ver 22 gajos a jogar à bola (neste caso foram só onze – os do Porto), não penso na crise, nas prestações, nos caloteiros e nas rasteiras que o destino prega à nossa vida (ou será ao contrário?)”.

Afinal, lendo bem nas entrelinhas daqueles dois anúncios, vemos:

1.º - Um gajo que é pago principescamente por um banco (ele e os administradores), para aparecer deitado num colchão, colchão esse que deve ser de algum cliente depenado, pois roupita da cama nem vê-la;

2.º - Provavelmente o mesmo gajo uns anitos mais tarde, deitado na cama (esta com roupita - pudera, não fosse o gajo um príncipe) com a sua Maria, dando-se ao luxo de fazer intervalos nas suas obrigações enquanto macho, isto porque lhe apareceu a meio um compromisso inadiável, prometendo no entanto à Maria que voltava para continuar com as palhaçadas, pois o efeito do remédio milagroso dura que se farta.

Pergunto:

- Quem é que anda a atira-nos areia para os olhos, pois se um gajo não tem possibilidades sequer de economizar, quando as terá para comprar medicamentos que nos levantem a moral, se entretanto aparecem os problemas da próstata, os bicos de papagaio, a osteoporose e, com jeitinho, as doenças de Parkinson ou Alzheimer?

domingo, 28 de outubro de 2007

Factos e gravatas

Uma das maiores aberrações da cultura ocidental é o valor atribuído ao fato e gravata masculinos. Há décadas e décadas que esta monótona forma de vestir é obrigatória em determinadas pessoas, cargos, funções ou momentos. Este facto é tanto mais surpreendente quando se sabe que ele encerra diversos absurdos e contradições. Vejamos alguns:

- O valor atribuído a este tipo de farpela só é válido para homens. As mulheres são livres de se vestir de uma forma completamente variada.

- Esse valor não é atribuído apenas à forma, mas essencialmente à cor e ao padrão de tecido. Se um homem usar fato de padrão largo e gravata berrante fica um palhaço, cómico e ridículo. Se um palhaço usar fato escuro e gravata sóbria transforma-se num político credível.

- Na generalidade dos objectos, a evolução do design e da tecnologia impõem constantemente o seu aperfeiçoamento. Usar automóveis, televisores ou telefones iguais aos que se usavam em 1960 não valoriza ninguém. Usar fato e gravata iguais aos de essa época, sim.

- O respeito por esta norma social contradiz a maior parte dos restantes valores que se querem veicular. Este homem pretende ser jovem, moderno, dinâmico e inovador, mas usa uma vestimenta velha de um século; aquele político diz que vai ser diferente do seu adversário, mas veste-se da mesma maneira que ele. E por aí fora…

Recentemente realizei um pequeno mas significativo estudo. Entrevistei várias pessoas, principalmente funcionários bancários machões e costureiros abichanados. Consultei também alguma bibliografia especializada, como foi o caso da revista Caras. E descobri algumas coisas que não são assim tão evidentes a quem não segue as regras da ditadura fatal (fatial? fatóica? diabo, esqueci-me de estudar este pormenor semântico… Adiante!).

Por exemplo, a imagem pode ser insipidamente repetitiva mas, afinal, há diferenças fundamentais. Uma das mais curiosas reside no nó da gravata. Com efeito, eu descobri que há cerca de seiscentas formas diferentes de fazer nós de gravata. De entre os mais vulgares, temos 10 nós simples, 8 duplos, 4 triplos, 4 pequenos, 6 cruzados, uma trintena de variantes do nó inglês, quase outras tantas do nó francês, etc., etc. Mas a revelação mais surpreendente reside no facto de que o nó pode ser feito de acordo com as características pessoais da pessoa que o usa. E é aqui que verdadeiramente se faz sentir a diferença, pois há uma incrível variedade de nós especiais com significado muito particular. Apenas para ilustrar, vou indicar alguns:

Nó Bre – nó usado por homens que têm a mania da superioridade.

Nó Civo – nó adoptado essencialmente por homens que não têm qualquer tipo de respeito por coisa nenhuma.

Nó Minativo – nó usado por pessoas muito vaidosas, cuja forma se parece com a letra inicial do nome da pessoa que o usa.

Nó Doa – nó muito em voga na classe política, é usado principalmente por gajos ignorantes que se metem a fazer leis que transtornam a vida dos cidadãos.

Nó Velo – nó usado por gajos que andam metidos em grandes embrulhadas.

Nó Nagenário – nó usado por aqueles homens que querem aparentar ser mais velhos do que na realidade são.

Nó Meado – nó usado por pessoas que desempenham cargos para os quais não têm qualquer tipo de competência.

Nó Ticiador – nó usado praticamente só por jornalistas e outros fazedores de opinião.

Da próxima vez que vir um homem de fato e gravata, ignore o que ele diz. Provavelmente é treta. Centre a sua atenção no tipo de nó da gravata que ele usa. Vai ver que é muito mais significativo do que tudo o resto.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Áh pai, pai, se eu fosse Abel ...!

"AH PAI, PAI... SE EU FOSSE ABEL...!"
Se algum dia, ao passarem pela rua da Tasca ou arredores, ouvirem o desabafo em titulo é porque aconteceu injustiça ou abuso merecedor de "reparo".

Muitos que o ouvem - e até muitos que o dizem - não sabem o porquê daquela frase, que perdura nos tempos como forma de aliviar o agravo que se sente ou de apontar e lamentar a ausência de merecido castigo para alguém.

Hoje, ao passar ali na rua, falava-se da horta do Esquim das Cenouras, da ASAE porque multou a Tasca por ainda não ter a funcionar o sistema do autocontrolo denominado HACCP e ainda, principalmente, de uma reunião da paróquia, com direito a “tickets de combustível”, onde teria sido informado, a propósito de uma contagem de fiéis, que era maluco aquele que “não fosse à missa” nesse dia e não comesse a hóstia igual à do celebrante. Não sei bem o que aquilo queria dizer, mas decerto que se tratava de alguma coisa feia ou de alguma injustiça, porque logo ouvi aquele frase: AH PAI, PAI, SE EU FOSSE ABEL! E isto fez-me recordar, com saudade, o Ti Abel e a origem daquela lendária expressão de revolta e sinónimo de injustiça.

Eu conto-vos:
O Ti Abel era um mouro de trabalho. Homem alto e desenvolto, falava depressa tal como também depressa trabalhava a terra e as suas lidas e como, também depressa, fez 10 filhos! 6 rapazes e 4 raparigas. Colocados em fila formavam uma “escadinha” perfeita.
Há sua volta não havia pausas. Até “levantava pó”!

Os tempos eram difíceis. Criar aquele “time” sem faltar pão não era tarefa fácil. Com muitos sacrifícios e trabalho de todos, a comidinha, no seu essencial, nunca faltou.

Difícil e duro, também, era o dia a dia dos miúdos. Logo que, pelo fim da tarde, a escola – sim, ninguém podia faltar à escola até à 4.ª classe – lhes abria a porta, vinham de correr ajudar no trabalho da terra ou no trato dos animais ou, as mais moças, nas lides domésticas e era vê-las, conforme as forças e a idade de cada uma o permitia, de cântaro à cabeça a “acarretar” água da fonte ou de caminho de lavar a roupa no rio, etc..
Eles, sempre em passo apressado, no carro dos “machos” a comandar aceleradamente a viatura, agarrados à rabiça da charrua que mal lhes chegavam ou montados nos “machos”, em pelo, galopes desenfreados, tipo autênticos “índios americanos” no bom estilo farwest!

Disciplina, rigor, trabalho... qual pelotão de cavalaria. E que ninguém se baldasse! Ti Abel era duro na sua justiça, não perdoava.

Germano era um dos filhos, pela idade aí dos “do meio”. Miúdo rebelde, revoltava-se, indignava-se e enervava-se com as injustiças. Gaguejava um pouco, o que lhe dava alguma graça. Pele escura, pés descalços (ai sapatos! Ou pão ou... sapatos!), calças remendadas no rabo, rôtas nos joelhos, alça caída...

Naquele dia o Germano saiu de casa em passo apressado, não se sabe o que lhe aconteceu, mas decerto que foram ordens do ti Abel para alguma tarefa que entendeu “menos apropriada”. Zangado, barafustava alto, ao mesmo tempo que andava olhava lá para cima, para casa, e, sem se poder conter, bradava repetidamente o seu lamento, a sua “ameaça”, num grito de revolta: AH PAI, PAI, SE EU FOSSE ABEL...!!!

Aquele lamento, de falta de força e de falta de poder para inverter a situação, foi ouvido pela vizinhança que o arrecadou, sentidamente, nas suas memórias e ainda hoje, passadas muitas décadas, quando por cá se ouve, por cá consta ou por cá se testemunha alguma injustiça ou se reclama castigo para qualquer abuso ou ofensa, logo alguém alivia o seu agravo, manifesta a sua revolta ou o seu desprezo exclamando:
AH PAI, PAI, SE EU FOSSE ABEL !!!!

Ah pai, pai, se eu fosse Abel!

sábado, 20 de outubro de 2007

Colheita do dia

O "Esquim das Cenouras" é o "Man da horta" cá do sítio. É que, além de ter uma doença inexplicável em relação à quintarola, que só serve para lhe dar desgostos porque a rapaziada do antigamente já não aparece para ajudar na monda, ainda por cima o clima mudou e, quase em Novembro, continua um calor do catano que até dá para andar de manga curta.

Ele, "Esquim das Cenouras", vai e vem sem que ninguém perceba muito bem quem é, tampouco do que se queixa. Uns dizem que ele não diz nada que dê para entender até porque, de boa fé, gostariam de ajudá-lo na faina, fazê-lo ver que o terreno está gasto e deveria repousar até ter novos substractos, azoto e minerais, ou até deixar de insistir nas cenouras e plantar brócolos e feijão verde que está mais na moda. Outros dizem que ele tem mesmo é mau feitio e só faz o que lhe apetece.

Eu acredito na boa fé dos que quiseram ajudar e na boa fé do "Esquim" e acho que ele é bom rapaz quando está longe da horta, mas já não consegue controlar tantas ervas daninhas a nascerem mais depressa do que o tempo que leva "605 forte" a actuar.

Agora o "Cenouras" tem um problema. A horta está-se a degradar e apareceram "Os gajos do meio ambiente" a dizerem que ou aquilo se põe de acordo com a nova configuração do PDM ou terão que convocar uma assembleia municipal para resolver o problema.

Mais um final de tarde, daqui a pouco cai a noite e o "Esquim" nem uma cenoura apanhou.

As laranjas com canela do Silva

Composição:
-Laranjas, ricas em vitamina C, em fibras e poderoso laxante;
-Açúcar, energizante, combustível de alto rendimento e que potencia um aumento rápido de energia, mais rápido aos 100 que o Fiat do Sr. Toninho destravado ladeira abaixo;
-Canela, coisa que vem do pau e pró pau vai, pelo menos na população masculina, que a feminina é mais fina e fica no nível mais chique do psicológico, mas com iguais efeitos práticos nas práticas.

Ora, isto tudo misturado dá asneira na certa! Tá-se a ver, não tá-se???

Temos de descobrir, pra bem da reputação de cozinheiro do Silva, quem foi o abichanado que andou a comer esta bomba biológica e depois se foi aliviar atrás do dito muro... Pois, vai uma alma distraída com os seus amores e borra as "patas" com merda (já segundo a correcção ortográfica de Edite Estrelado de que os cães não cagam bosta).

Anda por aqui cagão!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

É urgente comunicar.

“Quando entro na tasca e não vejo a minha “cumpincha”... começo a di... a di... Pergunta o outro, a divagar?... a disparatar?... a distanciar?... Escolham... que se lixe.

Já ouviram falar do Homus Ocupados? Hoje em dia há várias formas de comunicação - Chat, Blog, Orkut, Mail, Telemóvel, MSN, Second Life, Site, Skype, etc..., carta. Carta?!! Este meio está em desuso... dirão.

Pessoalmente adoro cartas... nem que fiquem amareladas e com cheiro a mofo.....pois estas têm voz, os meus olhos conseguem ouvir o seu conteúdo... mesmo com o passar do tempo.

E o telefone fixo? Pois... outro que tem os dias contados.

Actualmente anda meio mundo a falar com outro meio mundo on-line. Mas on-line com o quê? Qual a ligação afectiva que existe com 2 pessoas que teclam no MSN? O Homo Ocupados entrou de vez na era da vida lascada... não que eu seja contra as novas tecnologias... mas cada vez mais comunicamos uns com os outros quase como o Outlook envia aquelas respostas automáticas de férias.

O chat para mim é como me esbarrar com desconhecidos e ouvir apenas ruídos... Dependendo da intensidade, podem-se criar laços... por vezes fortes... inesperados... repúdios...

Orkut é quase um cemitério digital... estão lá mas não estão...

E blog? Muita gente só comenta um texto para dar mimo a um amigo... e morre aí.

O MSN lembra-me o filme O Sexto Sentido.. .com a diferença de que “I see live people every day”... eles estão lá a toda a hora, mas não os podemos tocar...

E second live? Pergunte ao meu avatar... aliás, convide o meu avatar para ir ao seu aniversário... sem comentários... Que tal a tasca? Sexo? Ou um simples “Oi, tá tutti?”

Daqui a pouco... alguém vai ler... podem comentar ou não... e depois voltarão ao seu mundo e continuarão à conversa com os seus dedos. Hoje em dia falta aquela coisa de saber o que o outro vai falar antes dele falar. Falta alma, falta emoção, falta voz nas conversas, falta cumplicidade...
Bem... a minha "cumpincha" virtual ainda não apareceu.... sim com esta consegui criar um laço que não desenlaça... sinto que ficou muita coisa por dizer... mas a minha vida não é só a Tasca..."

Vou para a Ilha.

Conquilhas à Xi

1 saco de conquilhas (por norma, 1 dá para 3 pessoas)
1 tira de toucinho
1 cebola
8 dentes de alho
1 folha de louro
3 tomates maduros
2 malaguetas da Margão
sal q.b.
vinho branco q.b.
salsa q.b.

Colocar as conquilhas num recipiente com água e bastante sal (uma mão cheia), trocar "praí" 3 vezes a água para extrair as areias.

Num tacho colocar os alhos, a cebola partida às rodelas, e o toucinho cortado aos quadrados. Deixar este estalar um pouco. Quando estiver tudo meio alourado põem-se os tomates, o sal, o louro, a salsa e as malaguetas. Prova-se e verifica-se o tempero. Deixar apurar cerca de 15 minutos. Por último pôr a conquilhas. Acrescentar um bocado de água e vinho branco. Deixar cozer cerca de 5 minutos ou até as cascas das conquilhas ficarem abertas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Afinal, o que é que comanda a vida? (O sonho não é com certeza!)

O homem do mundo moderno tornou-se dependente de máquinas, as quais cada vez são mais sofisticadas.

Eu não fujo à regra. Ele é a máquina de filmar, o telemóvel, o computador, o GPS, etc., etc., todas aquelas geringonças com funcionalidades que duvido haver alguém com pachorra para explorar na sua totalidade.

Centrando-me agora no GPS, cujas siglas querem dizer “Global Positioning System”, mas que para mim mais não é do que um "Guia Para Senis", passo a contar-vos uma experiência minha com aquele aparelho que se encontra colocado no tablier do meu carro, mesmo ao lado do ecrã de 7” do leitor de DVD, no qual normalmente aproveito para ver os concertos do Tony Carreira enquanto conduzo.

Um belo dia resolvi ir passear para o estrangeiro com a família, mais propriamente a Espanha, para comprar caramelos e eventualmente um pata negra que pudesse estar em promoção.

Como a fronteira mais próxima da minha terreola é a de Chaves, lá pedi à minha mulher para programar o GPS, dado eu não ter pachorra para tal façanha (há quem chame à falta de pachorra outra coisa, nomeadamente falta de inteligência, vá-se lá saber porquê!).

Ainda o sol não tinha nascido, pus então as turbinas do carro a trabalhar e lá seguimos viagem sob o comando duma voz feminina mais-ou-menos simpática (bem podiam arranjar uma voz mais sexy, a ver se um gajo conduzia com outro ânimo, o que iria com certeza reduzir ainda mais os índices de sinistralidade). Lá íamos nós todos contentes a ouvir um dueto do Tony com a gaja do GPS, quando, passados largos quilómetros, me apercebo que o percurso tinha mais curvas do que rectas. Conclusão – Não tinha actualizado o mapa do aparelho e, fiado na maquineta, até me esqueci da existência da A7 e da A24, situação que me atrasou consideravelmente e que fez com que, quando eu cheguei à loja da D.ª Esperanza, já não havia patas negras em promoção!

Pensando bem naquela situação, chego à conclusão que já não somos nós próprios a comandar a nossa vida, uma vez que nos deixamos orientar por uma panóplia de aparelhos (e gente do aparelho), os quais, mais cedo ou mais tarde, vão fazer com que o meu cérebro se torne numa coisa parecida com isto:

NOTA DO AUTOR: Uma vez que ninguém comentou, até à data, o meu último post (o que me entristeceu bastante), ofereço a quem comentar este o seguinte:
- Aos gajos: um GPS tomtom ONE IBÉRICO e um exemplar da revista Gina;
- Às gajas: um leitor DVD AUTO CLATRONIC com dois monitores de 7” e ainda o DVD do concerto do Tony no Pavilhão Atlântico.


ULTIMA HORA: CONFIRA EM "ARROTOS" A DISTRIBUIÇÃO DOS PRÉMIOS!

Ora pôxa!

Enquanto “batiam” uma sueca ali na mesa do canto, Chico Molas e companheiros iam-se divertindo com as suas velhas histórias.

A boa disposição era contagiante e estímulo para mais uma rodada de "americano" lá do garrafão que o Silva tinha bem escondido na despensa.

O Sr. Toninho, que já conheceis, comerciante cá da terra, além da loja, armazéns e escritórios aqui na “nossa rua”, tinha outros negócios de comércio e serviços.

Pelas 9 horas da manhã lá vinha ele no seu Fiat 1100, anos 50, acompanhado pela esposa que na empresa exercia as funções de caixa (ou tesoureira, utilizando expressões mais actuais), enquanto que à entrada dos escritórios já os aguardava toda a equipa de robots, perdão, queria dizer, funcionários.

Homem na casa dos 60, poupado ao extremo. Sabem que o seu pessoal de escritório só tinha direito a nova esferográfica mediante a entrega da finada?! Ele próprio era um perfeito exemplo dessa disciplina, bastava olhar para a sua esferográfica, cuja ponta se aguentava só pela fita cola que a enrolava. Usavam-se aquelas esferográficas transparentes, tipo Bic, adquiridas à caixa a um fornecedor de Coimbra, ao preço de 1$00 por unidade.

Nesse dia, chegou ao escritório, pendurou o casaco, sentou-se na sua secretária e... a esferográfica?! Não, não estava, correu tudo, gavetas, bolsos, as secretárias do pessoal, a esposa... mas não estava em parte nenhuma.

-Toninho, olha que se calhar ficou no carro! –Lembra a esposa.
-Decerto, decerto, vou lá, vou lá, obrigado mi’Ani! – Agradece à esposa.

Dali a pouco, lá vem ele apressado, abatido, cara de chateado, pois que a dita não estava no carro!

-Ó Toninho, não a terias deixado além na Estação de Serviço? – Diz a esposa.
A estação de serviço era outro seu estabelecimento onde todas as manhãs, a caminho do escritório, parava para recolher as contas do dia anterior.
-Se calhar, se calhar, mi ‘Ani!

Instintivamente, salta para o telefone:
-Sra. telefonista ligue-me ao 201” - manda o Sr. Toninho!
-Tá, Sr. Gomes, olhe deixei aí a minha esferográfica?!
- .....-
-Sim? Ah, pois, então guarde-ma aí que na volta do almoço trago-a!
Pousa o telefone e, como que acordando, estrebucha, solta uma “profunda” exclamação de aborrecimento, “quase se arrepelando”, desalentado, com voz de arrependimento e revolta do tamanho do mundo:

-Ora pôxa, ora pôxa mi’Ani que lá se foi mais do que custa a esferográfica!

Importa lembrar que uma chamada local custava, naquele tempo, 1$30 !!! E ainda que, naquele tempo, não havia reciclagem!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Ouvi Dizer...


Um amigo meu disse-me que um amigo dele lhe tinha dito que ouviu dizer de um amigo que tem um amigo que ouviu de fonte fidedigna que o Silva está numa onda de "modernização" e vai colocar um novo equipamento para melhor servir os seus clientes.

O Marketing e a Música

Nunca vi nenhum teledisco do Mozart, tampouco do Paganini. Calhando, eram criaturas sem cara de jeito e qualidade nenhuma para aparecerem no triste jornal da Merdaleja, até porque é necessária uma equipa de marketing, a bem dizer, limpadores de latrinas. Parece que é muito importante ter-se uma cara que ainda esteja na moda, sim, porque há caras que já não se usam, nem que cada vez que abram a boca só digam disparates, o importante é serem apoiados pelos profissionais, exterminadores de cocó visual, em detrimento da cristalinidade do discurso, do olhar e da sinceridade, enfim, daquilo que é suposto serem e fazerem.

Quando comecei a ouvir música, nem televisão tinha em casa, revistas de música pouco ou nada, portanto, para mim, ou tocavam ou não tocavam, claro, segundo aquilo a que eu chamava tocar ou não tocar, que é discutível. De resto, não fazia a mínima ideia se eram feios, bonitos ou assim assim.

O Secreto parece que saiu dum episódio dos Marretas e o Calvin do bataclã da Maria Machadão, dizem as más línguas, mas alguém falou com eles de frente para concluir que assim é?

Escolhem-se poses, planos favoráveis, penteados a condizer, mas o alvo de tamanhas mordomias muitas vezes nem se sente à vontade com essa distinção, até porque não tem nada que ver com aquilo, apenas quer fazer o que tem a fazer e é o que lhe basta.

Tenho uma coisa comigo desde muito puto, quem não me olhar de frente quando fala comigo, fico logo de pé atrás, nem que seja o "Boogie man". Daí para a frente ou para trás, sei lá, não quero saber o aspecto que têm, mas sim o que fazem e transmitem.

domingo, 14 de outubro de 2007

Era inverno e estava escuro

Pulei o muro.
Era noite e estava escuro
Ainda me lembro de como era duro!
Ficaram marcas....
Demoram a sair,
Não saem, entram, saem...
Não sei... não vejo nada
Ai maldito muro!
Estou desgraçada por ele ser duro
Fiquei arranhada
Ai céus , caí do muro!
... e como ele era duro...

Mole é meu juízo
Mas por que raio pulei o muro... Só por estar escuro?!
Ai noite, ai nem sei mais... são só gritos , são só ais...

Já sinto algo mole...

Meu Deus que decepção
Tanto esforço... e agora mole
abro os olhos, não posso crer
... pisei bosta de cão!!

sábado, 13 de outubro de 2007

Reunião de Tupperware

Hoje tirei o avental, vesti uma roupa nova, meti um pouco de sombra e um baton lindo de morrer, e fui a uma reunião de tupperware com a Mafaldinha, a muito custo pois a gaija chulou-me 35 euros por uma entrada... sempre pensei que fosse uma reunião exclusiva de mulheres... mas, surpreendentemente, havia mais homens que mulheres... "é por causa dos tickets de combustível"... confessou-me o Zé Artolas, tinha uma razão de ser... pois não estava minimamente interessado nas taças que a D. Odete Tremeliques tinha acabado de mostrar... e que belas taças ela mostrou... as mais glamorosas que tinha visto até hoje... e quando a representante dos prestigiados plásticos perguntou se alguma mulher queria participar mais activamente... Zé Chicharros levantou-se e começou a falar que não veio a mulher, porque não tinha vida para estas reuniões, e que os tickets de desconto deviam ser melhores e maiores, e só se calou quando o seduziram com uma garrafa de alvarinho, (não vou dizer que lhe cortaram o pio, e o levaram pràs traseiras da loja) ... enfim... é sempre bom ver homens participar nestes lanches... é sinal que estão atentos às necessidades das cozinhas... ou não!!!
Ainda ficámos meio chocadas quando Leninha chegou muito ofendida e nos contou que a Adega Cooperativa tem uma nova placa..."proibida a entrada a Mulheres e Cães"...
a mim não me apanham mais nestas reuniões, prefiro servir bifanas ao choninhas do XN... nem um brinde de jeito me deram...
estou a espera da Mafalda que foi ao WC ajeitar a máscara, pois vamos passar pela Adega, fazer um visita surpresa...

Laranjas com canela

Muitas vezes as coisas mais simples são as melhores. Na culinária esta regra é particularmente interessante. Mais simples significa, normalmente, mais rápido, mais barato e mais saudável.

Para quem gosta de canela, eis uma receita fundamental que combina o sabor exótico da especiaria com a doçura e a naturalidade da laranja.

Descascar uma laranja e cortá-la às rodelas. Retirar as sementes. Dispor num prato não sobrepondo as rodelas. Polvilhar ligeiramente com açúcar baunilhado (opcional). Polvilhar com canela. Convém que esta sobremesa seja preparada imediatamente antes de servir para que conserve a frescura da canela.

"O amor é filho da ilusão e por vezes pai dos cornos"

Nunca se sabe quem é o pai
Nasce com tanta violência
Que nem vê por onde vai
Depois, o peso na consciência...

Dói a consciência, dói tudo
Ai amor, amor, ao que este me obriga
Prendo o meu coração, quedo e mudo
Aperto-o tanto e dói-me a “barriga”

Dores, náuseas, do parto do não nascido
Ardem-me as entranhas
Dói pensar, um dia tê-lo conhecido!

Era inverno, escuro, medonho
Raposinha entrou pela primeira vez na tasca
Ainda um pouco à rasca...
Pediu uma aguardente de medronho.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Símbolos, ícones, referências e afins (ou a inversão dos nossos sonhos)

Uma vez que ainda não chegou o visto para abalar;

Uma vez que amanhã é dia de vindimas e não vou ter tempo para gatafunhar (e se tiver tempo disponível, vou estar coladinho à TV a rever esse grande evento que foi a inauguração da nova igreja de Fátima – por falar em Fátima, por acaso não anda por aqui ninguém que tenha assistido, ou saiba de alguém que tenha assistido, ou saiba de alguém que conheça um amigo de um amigo que tenha assistido a um milagre da autoria da Jacinta e do Francisco, nem que seja uma unha que estivesse encravada e que entretanto se desencravou milagrosamente???);

Aqui estou eu novamente para explanar uma teoria que se me atormenta a alma e para a qual, muito sinceramente ainda não obtive resposta.

A questão é a seguinte:- Por que raio insistem em assassinar as coisas boas que guardamos na nossa memória?

Não sabem do que estou a falar, não? – eu explico:

1. Era eu um puto, que estava ali a passar da idade das trevas para a dos descobrimentos, quando eis que chega algo de interessante à televisão, que não propriamente esse grande programa dos Domingos de manhã, a “TV RURAL”, desse não menos grande homem de seu nome Sousa Veloso. Estou a falar obviamente da enorme pequena Abelha Maia:


Passados uns anos, eis que vem a mocidade universitária com as suas queimas dos tempos modernos e decidem difamar esse belo insecto, com letras caluniosas relativamente ao seu comportamento, mais propriamente às suas fantasias sexuais:


Pura e simplesmente isso não é coisa que se faça!!! – Quem é que agora consegue ver um filme daqueles desenhos animados sem que se lhe venha à memória aquela música difamatória, quem, quem, quem??? … (respirar fundo) … O que esses fedelhos mereciam, por me terem estragado as memórias, era que lhes nascesse no retro um grande carvalho cheio de “cabras-cegas”, isso é que era!!!!!!

2. Ali pelos anos 80/90 - Belos tempos eram aqueles em que proliferaram grandes bandas que ainda hoje nos arrepiam a pele quando as ouvimos. Lembro-me de uma em especial e que eram os Simple Minds:


Passados todos estes anos, eis que desaparece a pequena Madie e alguém lembra-se de fazer uma campanha para procurar a menina. De é quem eles se lembram, de quem, de quem?… (respirar fundo outra vez) … Dos SIMPLE MINDS!!!!!!!!!!!! – Por que é que, em vez de nos toldarem novamente as memórias, não se lembraram, por exemplo, destes???:


3. Também ali nos anos 80 (se bem me lembro, que isto do alzheimer está a dar-me cabo dos miolos), surgiu esse grande programa de entretenimento, o “1, 2, 3”, sendo que até há bem pouco tempo ainda sonhava com um boneco que, pelo seu nome e ar simpático, quase se tornou num sex simbol. De quem estou a falar, de quem??? – da BOTA BOTILDE!!!


Porém, uns anos mais tarde, uma cambada de energúmenos e tarados sexuais resolveram, mais uma vez, estragar as nossas memórias, pois a nossa comunicação social acabou (bem ou mal, o futuro o dirá) por associar o escândalo da Casa Pia ao apresentador daquele programa! – Isto faz-se, faz-se, faz-se, faz-se??? … (mais uma vez respirar fundo) … Porque é que não fizeram essa caca a este programa, caraças???:


Ok, já estou mais calmo agora, mas POR FAVOR, não me estraguem as memórias todas e não venham lá com histórias a dizer que este verdadeiro sex simbol da nossa juventude antes de ser cantora era prostituta, ok???:


Já agora, uma vez que tão rapidamente nos estragam as memórias, por que raio demoram tanto tempo a acabar com os pedófilos???

Cheira-me...

Entro na tasca... e cheira-me a algo... e vocês perguntam: “A quê?” Já vos digo... simplesmente me cheira...
É o CHEIRO... o bom do cheiro... o fedorento do cheiro... a saudade do cheiro... é danado o Cheiro.
Quem nunca passou por um local... e aquele cheiro lembrou algo... um momento, uma pessoa, um olhar, um toque, um sabor, o passado, o presente...
Lembro-me dos cheiros da minha infância... o pão que a minha tia fazia... e ainda o faz no forno a lenha... da erva molhada... das vacas (adoro vacas!!!)... do creme “Nivea”... o cheiro da naftalina que tresandava no armário do meu tio avô... o cheiro a queimado vindo do fundo do tacho... o chamado “turro”.
O cheiro cativa... o cheiro afasta...
O cheiro... é um senhor importante... pois é reconhecido... nem sempre à primeira... por vezes estranha-se (os ditos feromônios activos)... e por outras entranha-se... e é atrás dele que corremos.
O cheiro faz-nos falar: ”Hummm... isto não me cheira nada bem”.
Querem saber ao que cheira a tasca?... Cheira-me a paladar...

Vou para a ilha.

As minhas tácticas de futebol, primeira parte

A cozinha e o futebol são dois universos óptimos para usar como modelo a fim de melhor compreendermos os restantes aspectos deste mundo em que vivemos. São duas coisas fascinantes. Quanto à cozinha, toda a gente acha que não percebe nada do assunto (principalmente os homens), mas diariamente sobrevivemos à custa do que cozinhamos. No que diz respeito ao futebol, toda a gente se acha especialista na matéria (principalmente os homens), mas são raros aqueles que praticam a modalidade. Melhor conjugação entre teoria, prática, técnica, ciência e disparate não se consegue arranjar.

Eu não fujo à regra. Em matéria de futebol, estou convicto de ele seria revolucionariamente alterado se fossem postas em prática meia dúzia de ideias que eu tenho sobre este popular desporto. Algumas são tão elementares que brada aos céus que nunca ninguém se tenha lembrado delas!

Golos, por exemplo. Basta ver a frenética e entusiasta resposta do público aos golos para se perceber que eles são aquilo que mais deve acontecer nos estádios. Mas há jogos e jogos em que nem uma vez a bola alcança a desejada meta, para desespero e frustração das audiências. Pois bem, sendo assim, por que raio não se aumentam as balizas um metro em altura e quatro em largura? O problema ficaria resolvido de vez. Lógica mais elementar que esta não há.

Sempre comparei os treinadores de futebol aos governos. Eles podem ter a visão apurada para imaginar brilhantes regras (tácticas no futebol, legais na política), mas quem tem de suar as estopinhas e suportar as caneladas mais dolorosas são os que laboram no terreno.

Por sua vez, no terreno, cada equipa pode parecer um todo equalitário a lutar por um objectivo comum, a vitória, mas isso está longe de acontecer. É por demais evidente que em qualquer equipa há os privilegiados e os sacrificados, aplicando-se a cada subgrupo regras bem distintas. Uma das coisas que mais me choca no futebol é que os defesas não podem falhar, mas aos avançados é desculpável toda a espécie de falhanços. Quando uma equipa perde por dois a zero, é verdadeiramente incompreensível que milhões de adeptos fiquem convencidos que a sua equipa perdeu porque a defesa deixou entrar dois golos e não porque o ataque foi incapaz de marcar três.

Há perigo junto à “nossa” baliza, o defesa estende a perna e falha. É uma nódoa, um nojo, devia ficar no banco o resto da época! Há perigo junto à baliza adversária, o atacante estende a perna e falha. Foi azar! O guarda-redes lança-se reagindo numa fracção de segundo e deixa passar a bola a cinco centímetros da mão. Foi frango! O avançado tem quinze segundos de concentração antes de marcar o livre directo, toma balanço, parte para a bola... e atira-a dois metros e meio por cima da baliza. Foi falta de pontaria!

Quando o guarda-redes falha infantilmente tem um nome - é um frango. E qual é o animal quando a infantilidade sai dos pés do atacante? Não há. Basta este pormenor para se avaliar da diferença de tratamento entre os erros de quem defende e os falhanços de quem ataca.

Ora é elementar resolver uma coisa destas. Bastará constituir toda a equipa apenas com defesas. Defesas na defesa, defesas no meio campo e defesas no ataque. Estes, treinados que estão para não falhar, decerto aumentariam, e de que maneira, a produção de golos, esse raro sal que falta a tantos encontros de futebol. Ponham defesas a jogar ao ataque e verão como o futebol retorna aos primitivos mas gloriosos tempos em que se mudava de campo ao fim de cinco golos e o jogo terminava aos dez.

Não sei se perceberam que na vida, tal como no futebol, também há equipas onde se desequilibram os privilégios quando devia haver igualdade. Mas isso e a relação com a culinária terão de ficar para a segunda parte, pois está na hora regulamentar de acabar este post, já depois de quatro linhas de compensação.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A Pescaria do Sr.Toninho

O Sr. Toninho era um apaixonado pela caça e pela pesca, aquele viciado mesmo...


Não consta, contudo, que numa ou noutra, a sorte o bafejasse. Se calhar era mesmo questão de jeito.

São muitas as façanhas e insucessos que, em tais artes, dele se contam, como, por exemplo, daquela vez em que, com a sua pombeira calibre 16, lhe salta dos pés um enorme bando de perdizes – naquele tempo ainda as havia! - e ele, meio assustado e muito atrapalhado, grita para os companheiros:
“A qual atiro, a qual atiro?”
“Ó home atire ó mêo do bando, depressa”!

Disparar, disparou.... os dois cartuchos daquela canos longos, quase peça de museu, mas para onde ninguém percebeu porque as avezinhas continuaram o seu voo apressado e sem moléstia!

O Sr. Toninho era comerciante cá no burgo, muito conhecido e respeitado e visto como homem de bons haveres, tinha escritório, loja e vários armazéns aqui mesmo na rua da tasca. Homem de fino trato e, também, muito poupado, raramente nos visitava, no entanto foi visto por cá umas duas ou três vezes, não se sabe bem se para se certificar da qualidade do café da máquina nova (bons tempos!), tirado com mestria pela barulhenta funcionária, ou se rendido ao peito atrevido e ancas roliças da mesma.

Era um homem de palavra mas demasiado crédulo e tido até como algo ingénuo, condição de que, diz-se, alguns se aproveitavam e de onde resultaram também umas boas histórias.

Contava o Chico Molas, serralheiro com oficina mesmo em frente da Tasca do Silva, que um dia estava o Sr. Toninho à pesca, ali abaixo na margem do rio... e o raio do peixe nem sequer picava. Dos barbos, escalos ou bogas, nem um sinalzinho lá no anzol.

Verificou, admirado, que o companheiro do lado tinha feito uma boa pescaria. Curiosidade óbvia:
-Óh amigo, caramba, pelo que vejo hoje isso correu-lhe bem!
-De facto não tenho razão de queixa!
-Que isco utilizou? – Quiz saber o Sr. Toninho.
-Olhe trouxe grilos Sr. Toninho, gastei agora o último.
-Grilos? mas eu também estou com grilos e nem um peixinho!
-Pois, se calhar o Sr. Toninho trouxe os grilos vivos, eu queimei-lhes as cabeças, tá a ver como resulta e que difrença!
-Olhe que d'essa não sabia, na verdade, na verdade .... para a próxima vou experimentar!

Vai daí que no sábado seguinte, encomendados os grilos ao fornecedor habitual e recebidos estes, chama pelo Chiquinho, marçano mor lá do comércio, e manda:
-Chiquinho, vais ali à serralharia do Chico Molas queimar a cabeça dos grilos!
É lá foi o Chiquinho .... !!!

Do resultado da pescaria não reza a história!

Mas aquele Chico Molas não cala mesmo nada!!!!

Embuçado....

Tasca que se preze não é nada sem um fadinho acompanhado de um bom tintol...


quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Livro de Reclamações


Hó Silva toma lá um Livro de Reclamações. Então não sabes que é obrigatório ter um?

Desculpa lá páh, mas não encontrei nenhum sem erros ortográficos, o "de" saiu com os copos. Mas até que calha bem, não achas? E não te esqueças de pôr aí o letreiro para o pessoal saber que já podem reclamar.

Pare, SCUT e pague


O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, afirmou hoje que o Governo pretende introduzir portagens nas SCUT até ao final deste ano.

O Silva, assíduo utilizador da Via do Infante aquando das suas incursões ao Algarve para a apanha da conquilha, não gostou e foi pedir explicações:

-Mas... ó Shôr Ministro, SCUT não quer dizer "Sem Custos Para o Utilizador"?
- Está redondamente enganado, Sr. Silva. Lamento informá-lo que esses políticos aldrabões que por aí andam ludibriaram o senhor. Garanto-lhe que o verdadeiro significado da sigla é "Só Custa ao Utilizar".

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Férias de um Tasqueiro

Carus Clientes

Oje ao seraum temos a egebissão do firme das férias do Zé Tascas.

A gerenssia


1000


Atingimos hoje o simpático número das 1000 visitas a este pardieiro.

Para celebrar este importante marco na vida da Tasca as bebidas são por conta da casa até ao encerramento do expediente. Segue-se, dentro de instantes, um magnífico espectáculo de variedades.

Tudo isto é cortesia do Sr. Silva.

domingo, 7 de outubro de 2007

Será a Sumol small ?

Antes de enveredar pela profissão de “tasqueiro” ainda fiz uma perninha como empregado do comércio (não Paulo, não fui músico... ) embora com um estatuto especial, pois devido à minha formação “universitária” em inglês, obtida com as “bifas” que vinham nos navios escola Dunera, Devonia e Southampton, e que teve como contrapartida o chumbo por faltas na Fonseca Benevides, eu era mais intérprete que propriamente caixeiro.

Estávamos em 1969 e nessa época alguns sindicatos destacavam-se não só pela defesa dos seus associados como pela tarefa de dar formação complementar a esses mesmos associados. É curioso que agora sempre que se vê uma notícia sobre sindicatos ficamos a pensar que em Portugal só os funcionários públicos têm sindicatos. Onde é que eles estavam no 25 de Abril?

Bom, deixemos a política que não fica nada bem a um estabelecimento de respeito como o nosso, aqui todos podem beber e comer independentemente das suas ideias políticas e mesmo o gajo mais reaccionário por vezes manda uns palpites razoáveis para o bem estar geral.

Regressando à minha função de intérprete, aqui vai a história. O Sindicato dos Empregados do Comércio decidiu valorizar os seus associados facultando aulas de línguas em horário pós laboral e dois ou três colegas meus do Eduardo Martins (não é publicidade, infelizmente ardeu no incêndio do Chiado e já não existe) decidiram aproveitar essas aulas. Um deles, que nunca aceitou muito bem que um puto de 17 anos entrasse a ganhar mais que um caixeiro já com muitos anos de serviço, decidiu logo após a primeira semana de aulas dispensar o serviço do intérprete e logo que cheguei à camisaria com um casal de americanos disse que eu poderia ir embora, ele ia atender. Está bem, retorqui, e fui para outra secção onde me estavam a chamar.

Cerca de dez minutos depois de deixar os americanos na camisaria fui chamado ao último andar, onde existia uma discoteca (venda de discos, não lugar de dança) e um pequeno bar, pois estariam lá dois estrangeiros e precisavam de mim. Subi e deparei com o casal americano que tinha deixado na camisaria. Perguntei o que se passara e o americano disse que tinha experimentado uma camisa e, como estava pequena, tinha dito isso mesmo e o empregado disse.... up stairs... fifth floor. Regressei com eles para o primeiro andar, onde se encontrava a camisaria, perguntei ao colega o que se passara e ele respondeu:
- O americano esteve no gabinete de prova e saiu de lá a transpirar imenso... deu-me a camisa e disse “sumol”* e eu mandei-o lá acima ao bar...

Mais divertido que isto, só uma vez que fui chamado para atender um casal de estrangeiros numa secção e, quando lá cheguei, constatei que eram portugueses, só que ambos mudos. Tal era o vício de chamarem o intérprete...

*Too small – Só para quem não saiba, é muito pequeno(a) em inglês

Insatisfação das Necessidades

Ora, então, muito boas tardes a todos os tasqueiros presentes!

Ó Silva, deita aí um penalty, que o meu almoço foi uma posta de bacalhau com chícharos e azeite de Alvaiázere! E o bacalhau estava salgadote!...
Chichar..., digo, xiça! - apesar de ter acompanhado com boa couve galega - ainda está tudo enrolado aqui no estômago.

Não. Ontem não fui à festa dos chícharos e dos marmelos a Alvaiázere. Passei por lá no dia 1 de Setembro, no regresso das férias, e trouxe uma taleiga de chícharos e um cesto de marmelos. Gosto muito; e tanto os chícharos como os marmelos fazem bem ao colestrol!...

Mas parece que hoje vai vir de lá muito boa gente com a barriga cheia de chícharos, sem, contudo, se esperar que, por isso, venham a sofrer do mesmo que hoje me ensombra o bem-estar!

- São servidos?
- Ó Silva bebe também e serve aí o pessoal todo, que agora pago eu. Bom, agora não; se não te importas, assentas aí no rol...

Então, com vossa licença: gont, gont... brrôt!

Pois, meus amigos, o enrolanço, aqui, do meu almoço, não tem a ver principalmente com a chicharada que comi. De facto, já desde ontem à tarde que ando com tudo enrolado no estômago. É que caí na asneira de ir visitar a Tapada das Necessidades... e vim de lá pior do que doente!

Exactamente. Fui ver a Tapada das Necessidades!
E que condizente - hoje em dia mais do que nunca - que é o nome que lhe deram(!):
- Tapada, porque o estava com uma corrente, no portão semi-aberto, quando cerca das 14 horas eu ali entrei passando por debaixo dela;
- Das necessidades, pois que todo aquele maravilhoso e verdejante parque está cheio delas (necessidades - e de toda a ordem!) e até nem há ali onde o visitante possa reservadamente fazer as suas. A sério! Eu nem queria acreditar em tantas necessidades que por ali via... nem que acabaria por não encontrar onde, a dada altura, satisfazer as minhas...

Ainda fui espreitar o actual espaço (ou Casa de Trabalho) do nosso ex-Presidente Dr. Jorge Sampaio, a ver se ali haveria uma solução; porém (Sábado...), estava tudo zeladinho, sim senhor, mas tudo fechado.

Foi uma grande desilusão(!):
- No grande lago, circular e ainda bonito - situado em frente do atelier (a Casa do Regalo) onde D. Carlos e sua amada Amelye muito desenharam e pintaram enquanto os Príncipes, Luizinho e Nelinho, jogavam as suas partidas de ténis - nadavam, com visível esforço de derradeira e heróica sobrevivência, numa água verde e gordurosamente conspurcada, milhares de peixes de tamanhos diversos, desde o equivalente a um grande salmão até àqueles mais semelhantes a minúsculos guppies;
- Na fachada da Casa do Frio, uma das estátuas apresenta-se selvaticamente decapitada, podendo ver-se bem que foi vítima de recente vandalismo; e todas as vidraças da porta de acesso ao interior deste antigo "frigorífico real" estão selvaticamente estilhaçadas;
- No interior da famosa e histórica estufa de D.ª Estefânea, debaixo daquela megalómana e maravilhosa abóbada de vidraças, vê-se um absoluto vazio; ali apenas se pode usufruir do prazer de ouvir os sonoros ecos dos sons de quem fale ou brade para dentro das grades do respectivo portão;
- As estéticas edificações e gradeamentos de ferro, artisticamente trabalhado, que foram o famoso canil (cães de caça e de guarda) de D. Carlos, estão cheios de sucatas, entulhos e com as portas abertas, podres e a cair; e as suas coberturas de originalíssima cerâmica cheias de falhas, dando origem a um acelerado apodrecimento dos artísticos tectos de madeira;
- No famoso Jardim dos Cactos ainda sobrevivem espécies únicas, mas tudo está completamente votado ao abandono e abafado por vegetação selvagem adveniente das sementes que o vento e as aves por ali vão espalhando;
- Vê-se que todo aquele exuberante e ainda verdejante arvoredo e plantio tem necessidade de ser visitado por podador encartado.

Até fico mal disposto só de estar a recordar muito do que vi!

- Apenas um grande relvado, situado na encosta, em frente da Estufa de D.ª Estefânea, a cerca de 100 metros da entrada e - lá mais no alto da Tapada - o pequeno relvado à entrada da Casa de Trabalho de Jorge Sampaio, se pode considerar estarem a ser assistidos.
- Será que tal abandono assenta no facto de aquele paraíso fazer recordar a monarquia?
- Mas..., então, e por que motivo foi ele o local escolhido para instalar o ex-Presidente da República?
- Será que o Dr. Jorge Sampaio mais não mereceu do que aquele "exílio"... naquele "desterro" abandonado?
Coitado do Dr. Jorge Sampaio, se quiser descer do seu espaço e vir por aquela encosta abaixo dar um passeio com a sua amada Zèzinha, como o fizeram os Reis com as suas Rainhas e os Príncipes com as suas Eleitas! Ou como, outrora e antes destes, o fizeram os frades da Congregação do Oratório de Lisboa, enquanto rezavam o seu breviário ou liam os velhos clássicos preparando as suas aulas de retórica e de filosofia.

Ai, se ali aparecesse, agora, o famoso jardineiro francês Bonard! Cairia com um colapso cardíaco!

Ó Silva, desculpa lá, enche-me aí mais um analgésico...
Que grande novelo que eu sinto no estômago!
Gonto, gonto... com vossa licença: brrrrrrôt!

Queijo com malaguetas

Insisto numa ideia que para mim é fundamental em termos gastronómicos. Com tanta variedade de produtos comestíveis que temos ao nosso dispor, por que raio é que a grande maioria das comidas que por aí vemos são variações repetitivas de dois ou três pratos básicos? Também nunca é demais insistir que os olhos também comem; e há comidas que valem tanto ou mais pelo olhar do que pelo sabor ou riqueza alimentar.

Hoje o Silva meteu-me debaixo do olho e do palato um bom exemplo. Queijo com malaguetas. É uma entrada em grande estilo, surpreendente de simplicidade, sabor e impacto visual. Fui até à cozinha para confirmar a receita e, de caminho, vi que tinha dois pequenos truques de confecção.

Numa frigideira sem gordura ou num grelhador, assar malaguetas, aproximadamente uma por pessoa se não forem muito grandes. É imprescindível que, antes de colocar as malaguetas a assar, se espetem com um garfo ou a ponta de uma faca para evitar que elas rebentem. Para um maior impacto visual, sugiro que metade sejam verdes e outra metade vermelhas. É normal que a casca fique em certas zonas completamente preta de queimada.

Envolver as malaguetas assadas numa folha de película aderente (celofane) durante 5 minutos. Isto facilita a operação seguinte. Ao fim desse tempo, retirar a pele às malaguetas, cortar em tiras e retirar bem as sementes, que são muito picantes. Cortar as tiras em pedaços mais pequenos com cerca de 2 centímetros. Temperar com sal, sumo de limão, pimenta preta e azeite.

Cortar queijos frescos ao meio e dispor em cima de cada metade alguns pedaços das malaguetas. Qualquer bom queijo fresco pode ser utilizado, mas o mozzarella é particularmente recomendado. Servir com vinho branco seco.

Duas variantes: Primeira, misturar nas malaguetas umas folhas de mangericão (basílico) cortadas finamente ou, na sua falta, um pouco de manjericão seco. Segunda, servir os queijos já empratados com algumas folhas de endívia, manjericão e salsa salpicadas com o molho de tempero das malaguetas.

sábado, 6 de outubro de 2007

Festa da Cerveja na Tasca

Civismo, civilismo, cidadania...

O termo civismo refere-se mais especificamente às atitudes e comportamento que no dia-a-dia manifestam diferentes cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como fundamentais para uma vida colectiva, visando preservar a sua harmonia e melhorar o bem estar de todos. (in Wikipedia)
Cidadania, civismo e civilidade fazem assim parte de um mesmo processo, inerente à vida em sociedade. Ambos os conceitos são verdadeiros padrões sociais. (in Wikipedia)
Civilidade é o respeito pelas normas de convívio entre os membros duma sociedade. Não confundir com civismo que tem que ver com o respeito pela sociedade organizada, pelas instituições e pelas leis. (in Wikipedia)

Pois...

Onde se enquadra...

... aquele cidadão que vai na sua viatura, em plena via pública, e lança para a rua o cigarro, o maço de tabaco vazio, a embalagem do iogurte acabado de consumir, a fralda do bébé, o plástico das bolachas, o lenço de papel... (eu tenho o azar de viajar no carro de trás, aquele que já apanhou com tudo isto... só ainda não apanhei com o lançamento de uma carteira recheada de euros)

... aquele cidadão, zeloso da sua higiene doméstica, que sacode para a rua os tapetes, brindando os vizinhos de baixo ou os transeuntes sem chapéu... (pois... ainda não descobri o que era aquela coisa que me caiu na cabeça)

... aquele cidadão que lança para o chão da rua todo e qualquer lixo... (todo mesmo... quem é que ainda não viu um preservativo na calçada da rua?)

... aquele cidadão que leva o cãozinho a defecar na rua, dia após dia, cobrindo a calçada com um manto escorregadio... ou o jardim, do prédio vizinho, bem adubado (o meu trauma obriga-me a andar na rua sempre a olhar para o chão)

... aquele cidadão, de mão dada com o seu filhote de 5 anos, que atravessa a rua sem utilizar a passadeira que fica a 3 metros...

... aquele cidadão que...

OK! Prontos.... eu calo-me!! Não sei o que me deu... isto deve ser da pinga!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Vi-Vá-Répública!

- Vi-vá-Répública! Ora atão munto boas tardes a todos (bradou forte o Zé da Bôla, entrando lentamente e de pegada firme na Tasca do Silva):
Cum qu'atão, més senhores, cumemoramos oje os 97 ânos da data do arrebentamento da República!
(e o Silva ficou a ver se percebia quais eram as novidades...)
- Ó Silva, queres quê te faça um buneco ó quei?
- Vem um óme aqui matar a sêde todos os dias desd'o da inaugoração da tasca e inda é peciso dezer-te o que quero?

- Cum catano, ó pessoal, bomecêis ovirum o c'o nosso Presidente dinsse ós portugueses no descurso das comumerações d'oje?
- São servidos(?), atão cum lessenssa
(gonto-gonto, e com o resto rega o rodapé do balcão e... solta um 1.º arroto).

Pois o gajo dinsse c'os portugueses inda continuum a tar mal inducados e que todos temos culpas de não investirmus na inducação!
E tava lá o Sócrats, óviu e ficou bem contente das culpas da falta d'inducação dos purtugueses nã irim p'ra êle! Êle..., que mandou ó auturizou fecharim uma data de shscolas por esse país fóra!!!

Aquase 100 ânos desde q'arrebentou a Répública e continuâmus todos sim inducação!
- Mas..., atão, nã andum p'raí melhares de cachopos e cachopas c'os canudos de dótores e ingenheros a viver à custa dos velhotes que se sacreficarum p'ra êles pudêrim andar a shstudar?
Os dois filhos má novos do Juão Córado já são advugados à mais de déis ânos e continuum a comer à conta do povre velho que já tavalha à mais de 60 anus!
- O q'é quinteressou ó velho Córado sacreficar-se tanto?
Melhor êle os tivesse mandado p'á Sarâmica como fêis ós outros más velhos, log'ac'ando fizerum a quarta; e ómenos esses agora já tão todos casados e a governarim-se bêm!

Q'ais inducação, q'ais carapuça
(e um 2.º arroto se fez ouvir)!
A melhor inducação que se pode dar ós cachopos é pô-los a travalhar logo q'êles shspigum!
Se quiserim shstudar fázim-no à noite, c'agora já só se travalha 7 horas por dia!

- Ó Silva, do q'é q' tás à espera?
- Já táis rico ó quei?
(o Silva serve-lhe mais um copo de três e a cena repete-se: gonto-gonto... e quase metade rega o balcão; e um 3.º arroto soou).

Os tasqueiros presentes intervêm, apoiam e comentam:
- Por acaso, Zéi, até tens rezão!
E todos se entreolham, aquiescem e prosseguem:
- O Zé da Bôla tem munta rezão: intigamente todos íamos travalhar logo assim q'aprendíamus a lêre e nã se via o q'oje se vêi!!!
- E aquilo é q'era inducação! Oj'indía nã se vêi ninguém cum menos de 30 anos a travalhar!
- Ó, ó, e a maiór parte deles andum por aí a roçar o cu nos arrebates das portas, a saringarim-se d'hiruina, a fumarim-na cuns canudos nas pratas, ó nuns caximbos e inté nos gargálos das garrafas a fumarim o àxixe!
- Agora digum-me: foi p'raisso c'os pais os mandarum irim shstudar?

- Pois; - e o Sócrats ficou a esfragar as manápulas de contente c'o descurso..., pudéra!


- Ó Silva, inda por cima, o descurso do tê parênte Cavaco tamãe deu porrada nos autarcas! Aquilo é c'o Sócrats gostou daquela parte in q'êle falou da currupssão nas câmaras e nas juntas!!!


- Rialmente é uma meséria; ninguém põe nada na órde!!!

- E inda eles gritum "Vi-vá-Répública"!?

- Pois; cá p'ra mim "Vi-vá-Monárquía"!!! O q'isto tudo tá a pecizar é de começar outra vêis a ser guvernado p'lo Rei... (e interrompeu para um 4.º e estrondoso arrote)! Nim que tivesse que ser o gago!!!
- O quei, aquele da grêta entre os dentinhos, o Mariâno?!?...
- Nã, nã, o outro gago, mêmo gago, o Dom Duárte!!!

- Pois, Zéi. Tens rezão, sim senhora! E im vêiz de berrarim "vi-vá-répública", melhor gritassim "aqui-del-rei"!!!
E intéi talveis a capital inda viesse a ser im Bragança ó im Vila-Vissosa!!!
- Inc'anto os guvernos nã virim que têim c'acabar c'o Intendente de Lesboa e c'o Camp'alegre nu Porto -- e cum os intendentes e camp'alegres q'á por todo o País -- e inc'anto nã dêxarim de dar saringas nas farmácias e nas prizões nã les vale de nada falarim im inducação e dezerim que são contr'à currupssão!!!

- Ó Silva, bota lá aí agora uma rodada p'a todos!

- Ólhim, a prupósito de Silva... e aquela do outro Silva, o Vieira...:
- Atão o gajo convence os deputados àprovarim um decreto c'obriga todos a travalharim intéi ós 65 (e inté dá incintivos ós que quizérim travalhar mais ânos...) sim arreparar que muntos de nóis já travalhamos à mais de 50 anos -- porque comessámus ós 11 ó 12 -- incanto os cachopos d'agora só coméssum a travalhar despois dos 30!!!

E a conversa continuou... e todos intervieram enquanto, compassadamente, foram esvaziando o seu "copo de três"... e, estrondosamente, todos foram arrotando...

O que a vida mostra e o que ela esconde

De vez em quando vem-me à memória uma revista que a minha mãe comprava quando eu tinha os meus dez anos que continha duas colaborações semanais que eu gostava de ler "A Dona Licas" figura típica da "codrilheira" do bairro sempre a meter-se na vida dos vizinhos e "O que a vida mostra e o que ela esconde". O pessoal que já tem meio século sabe de certeza o nome da revista, utilizada para manter as mulheres como boas donas de casa, boas esposas e irrepreensíveis mães. Era a Crónica Feminina.

Mas isto tudo veio à tona porque na nossa vida surgem sempre situações em que o que estamos a ver e a sentir não é a realidade e temos atitudes de acordo com o que pensamos e sem o sabermos estamos a fazê-lo erradamente.

Pouco depois do 25 de Abril de 2004, estava eu a cumprir o serviço militar obrigatório no GDACI (Grupo de Detecção, Alerta e Conduta da Intercepção), unidade da Força Aérea Portuguesa em Monsanto, junto à cadeia agora tribunal, quando, numa noite em que estava de serviço, o November India N não respondeu ao November Foxtrote. Em linguagem civil, isto quer dizer que o sacana do sentinela N não respondeu à chamada por rádio do graduado de serviço. Acontece que nessa altura a antena emissora da RTP tinha protecção militar por parte do GDACI que ficava próximo, e foi mesmo este sentinela que não respondeu à chamada. De imediato chamei o condutor de dia para me levar ao local para averiguar o que se estaria a passar, pois a entrada para a antena era feita por uma estrada que contornava o quartel e ainda longe do mesmo.

Chegado junto ao portão deparei com um letreiro, penso que em latão (que até há bem pouco tempo ainda lá estava) com uma cabeça de cão gravada e a inscrição "Cuidado com o cão". Antes de abrir o portão, olhei e lá bem ao fundo estava um pastor alemão, olhando para mim. Já me estava a imaginar com os braços feitos em pasta de fígado e como medida preventiva tirei a walter (se fosse o Malcolm era de certeza a HK21!) do coldre, puxei a culatra atrás e de novo para a sua posição, ficando a arma pronta a defender este vosso amigo do ataque daquela besta que, à noite e somando o aviso, parecia mais um Tiranossaurus Rex.

Abri o portão e avancei com os braços esticados e levantados à altura do queixo, segurando a arma com a duas mãos e fitando a besta, olhos nos olhos tentando antever o momento em que me iria atacar. A fera traiçoeiramente deveria estar à espera de uma falha minha e mantinha-se deitada, fitando-me de forma hostil. Sempre sem deixar de olhar para ele cheguei junto da porta e mesmo nesse momento preferi não desviar o olhar para procurar a campainha e de costas para a porta bati violentamente por diversas vezes com o salto do sapato.

Não tardou muito apareceu alguém da RTP e perguntei de imediato (sem virar a cara) o que se passava com o sentinela. Antes mesmo de me responder, o homem perguntou porque estava de costas, ao que retorqui, por causa do cão.

Nesse momento ele apercebeu-se do terror que estaria estampado na minha cara e da walter nas minha mãos. Sorrindo abertamente disse:
- Não faz mal, é muito manso.

O Zé Mangas

O Zé Mangas há muito que não é visto cá pela Tasca do Silva. Lembramo-nos das tantas vezes que, pelo fim da tarde, de regresso a casa, bicicleta pela mão, cá o tínhamos na tasca a cumprir a 10ª ou 11.ª “estação” da sua vespertina via sacra “etílica”....

Até casa, onde chegaria lá para a hora da janta, decerto que completaria a penitência.

O jantar, dizia-nos, era, geralmente, uma malga de caldo arrefecido com meia caneca de tinto.

A Teresa, sua prestimosa esposa, via-se grega para aturar os descontroles e devaneios do Zé Mangas, que resmungava por tudo e por nada e, não raras as vezes, até lhe chamava todos aqueles nomes feios!!!

Ou pela sua “incompetência” devido ao permanente efeito “anestésico” do álcool, ou mesmo por natureza, era danado de ciumento da mulher! Resmungava que se fartava, ou porque via a dobrar ou porque nem conseguia abrir os olhos... sempre aquele pensamento fixo de que a mulher lhe era infiel. Raio de cisma!

Não, não era homem de muitas bebedeiras, pensamos bem que havia alturas em que só uma dava para toda a semana, se não mesmo para o mês!

Para ir para a cama, no exíguo quarto mesmo ao lado da cozinha, era o cabo dos trabalhos!
Mas que era homem de convicções, lá isso era! Muitas vezes, a meio da noite, mandava a mulher acender a luz para se certificar que não havia mais ninguém lá do outro lado da cama!

Nessa noite, já dormia e ressonava que até as vidraças tremiam, deitado para o lado, com os seus aproximados 150 kg sobre o braço esquerdo, quando uma apneia seguida de um ronco mais alto o fizeram acordar a estrabujar.... a sua mão direita bate num braço.... e grita para a mulher:
-TERESA, este braço é teu?!
Com a negativa da mulher, que acordou assustada, berrou com voz roufenha - ou do sono ou da carraspana ainda em destilação – ao mesmo tempo que, na “luta”, tombava para o chão:
- Ah, seu filho da p***, agora é que te apanhei, não me foges, tenho-te bem seguro!
-TERESA - gritou de novo para a mulher - acende-me a merda da luz, DEPRESSA, que tenho aqui o gajo, agora é que vou esganá-lo!

A mulher assustada acendeu a luz. E lá estva no chão o Zé Mangas, agarrado com toda a força ao seu próprio braço esquerdo!


P.S.
Quando acordares convém acordares "inteiro"!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A Berta à noite


Há dias armei-me em intelectual de esquerda e meti na cabeça que havia de gramar um concerto de jazz. Para ouvir em casa nem pensar, mas ao vivo talvez seja um estilo musical comestível.
Olhando para o cartaz a decisão foi fácil: vou ver a única fêmea, que até tem um apelido sugestivo para quem, como eu, é apreciador de uma bela mariscada.
É hoje à noite. Já ouvi a voz da senhora e a primeira impressão foi agradável. A crítica é boa. E ela também não me parece mal do pescoço para baixo.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Globalização

Estava eu a emborcar a quinta malga de tintol (líquido que eu considero o segundo mais precioso deste planeta, logo a seguir ao espadal), quando me chegou aos ouvidos aquela conversa da Patrícia Micaela (PM), mais precisamente aquela história acerca dos dotes “flatulísticos” da minha pessoa.

Ora, embora compreendendo a azia que vai na alma daquela criatura (não te preocupes ó piquena que isto não é propriamente a festa da mangueira, aliás, aqui só utilizamos a mangueira que tu sabes para puxar o vinho das pipas), confesso que fiquei um bocadito preocupado, pois, em ultima instância, será legitimo da minha parte pensar que, em vez de um sinal de azia, pode estar ali algo que ela sinceramente aprecie nos homens.

Posto isto, meus amigos, não querendo correr o risco de um dia vir a ter filhos traçados de um gajo pançudo e meio calvo com algo parecido com o Shrek, só me resta uma alternativa: BAZAR DAQUI O QUANTO ANTES!!!!

Assim (pausa para beber a sexta malga – um “shot de tinto”, como nós aqui fazemos questão de chamar, de forma a cativarmos os mais novos para esta bebida 100% natural e sem corantes nem conservantes - e tirar um febra de presunto que se me ficou entalada entre a placa e o único dente que me resta), venho por este meio informar a digníssima clientela que aqui o “XN” (Xoné prós amigos), vai dentro de poucos dias viajar para Angola, a fim de abrir, no estrangeiro, a primeira filial deste staminé.

Poças que este tintol é tão bom, mas tão bom mesmo, que eu agora não consigo perceber porque razão dei o título que dei a este post. Que se lixe!!!

Ó Silva, amanda daí mais um shot!!!!!

Ah… Parabéns ao “EB”!


P.S..: O meu muito obrigado aos colegas que correram o risco de me convidar para ajudar nesta Tasca (emporcalhar será o termo mais correcto), um abraço a todos e um xi muita grande para a nossa amiga Pinto Madeira!

P.S.D.: Desculpem lá, mas já agora vou deixar aqui também um grande beijo para a minha mulherzinha Carla e para os meus filhotes, o Chico e o Nuno!

P.C.P./P.E.V.: Brevemente em Angola,








(foto tirada aquando do lançamento da primeira pedra)

happy birthday.. mister....EB

detesto ser excluída... fico irritada... aborrecida... melancólica... só me apetece bater em alguém... no trolha... apetece-me bater no trolha, naquela cara laroca, arranhá-lo e arrancar cabelos... ok ok... já estou a ter outra das minhas fantasias... que raio, porque não posso ir aos anos do EB???!?!??... (birra) mas qual "Reservado a Homens", eu que sou a que arroto mais alto, a que falo mais alto, não... não sou a que me peido mais alto, que isso é exclusivo do XN... fumo mais mata ratos que o Secret... e aliás sou a que limpa melhor os copos... o Vitinho quando limpa os copos fica a risca verde no trapo e no copo... nem davam por mim... a Cátia Vanessa justifica-se, ir pastar, essa badalhoca, que tem a mania de andar com o meu avental, nem um assobio sabe mandar, ...mas hão-de lixar-se porque a vingança será fria... vou combinar um chá exclusivo para girls de table dance... e logo há-de saltar do bolo o Guizos... com um sexy fio dental... e a distribuir beijocas e dentadas ... e quando beberem a vinhaça carrascão... nem vão sentir o frasco de laxante!!!
Happy Birthday Dear EB...!!!

Comunicado da Gerência

Onde Estás?

Longe? Perto?

Voas?
Foges?
Estás presente?
Estás perto?
Estás ausente?
Estás em corpo?
Estás em mente?

E eu?
Se a palavra não o diz
E a razão não entende,
A alma sente!

E eu?
Paro? Ando? Corro?
Estás triste? Estás feliz?
Será sorriso? Será chôro?

E eu?
Serei servo? Serei rei?
Será noite, será dia?

E eu?
Olho-te e desejo-te!
Empatia, simpatia ou... desencontro?
Não sei!

vejo-te....
mas não te encontro!

Zé dos Anjos, 25/03/2000