quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Ainda as Tascas...

Andava eu na escola primária, a escola típica daquele tempo...

Funcionou no piso térreo de uma casa (que em tempos fora o alojamento de uma vaquinha) e no Inverno era tão frio que era necessário acender o fogareiro; mas como não havia fogareiro, uma alma caridosa arranjou uma grande lata de tinta, daquelas de chapa, e a “setora” lá conseguiu acender a fogueirinha para nos aquecer... só que a fogueira queimou a lenha e a tinta seca que ainda restava na lata... lá tivemos que fugir todos antes que alguém ficasse intoxicado!!

As condições eram tão miseráveis que fomos obrigados a mudar de escola... mudámos para um “palácio”... sim aquela garagem, no rés-do-chão da vivenda, era um palácio para quem esteve na outra escola. Lá as coisas eram muito melhores... já tínhamos um aquecedor a óleo (que só ficava quente no fim do dia) e uma casa de banho (sim, uma sanita e um lavatório já eram uma casa-de-banho! Que luxo!).

Esta escola era tão boa e espaçosa, um único aposento (para além da casa de banho) onde funcionavam 2 classes ao mesmo tempo, e com uma “setora” apenas... que bom era estar na 2ª classe e poder assistir à 3ª classe também... a dada altura acho que gostava mais das aulas da 3ª do que da minha!!!

Mas olhem que era mesmo espaçosa, e como não havia espaço exterior para recreio, o intervalo era passado lá dentro na brincadeira...

E era precisamente no intervalo que a “setora” requisitava os nossos préstimos... ir à Tasca lá do sítio para comprar um “pão com marmelada” para a o seu lanche. Íamos sempre em grupos de 3 ou 4... todas contentes!

Lá chegadas, a Ti Maria que já sabia o que queríamos, deixava o seu filhote de 2 anos, nuzinho como veio ao mundo, sentado no balcão, mesmo em cima do papel grosso e cinzento que ela usava para embrulhar tudo. E lá preparava o pão para a “setora”... bem recheado de marmelada, usando a mesma faca que partia o bacalhau às postas, ou cortava as barras de sabão azul. E lá vinha ela com o pão na mão... tirava o pimpolho do papel e lá colocava o pão para embrulhar. Bem embrulhadinho!! Pagávamos com as 5 coroas da “setora” recebíamos o troco e regressávamos à escola...

Isto é que eram TASCAS (não me refiro à escola!!)

1 Comment:

Anônimo said...

depois chegaram os tipos da CEE e acabaram com tudo... digam lá se aquela sandocha não tinha um sabor único, genuíno, forte, apimentado, etc.. etc...