quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Brahms - Sonata para piano e violino n.º 1, em Sol maior, op. 78

Toda esta sonata é nostálgica e melancólica, com temas melodicamente muito bonitos. Um clima muito próprio é conseguido com os três andamentos em tempo suave, intimista. Há uma unidade temática que reforça esse clima praticamente constante de toda a obra. Uma partícula inicial (as 3 primeiras notas) do primeiro tema do primeiro andamento é usada como célula inicial do primeiro tema do terceiro. E este terceiro, por sua vez, inclui a meio o tema principal do segundo andamento e termina citando alguns elementos dos andamentos anteriores. A forma em todos os andamentos é clássica, simples e perceptível.

Alguns pontos de especial interesse. No primeiro andamento, o segundo tema, muito belo (a partir de 1'30); o pizzicato do violino sobre o primeiro tema no piano (cerca de 3'45). No segundo andamento, a serenidade do tema principal no violino em cordas duplas (cerca de 4'15 e 7'15), a "suspensão" dos instrumentos numa indefinição indescritível (todo o sexto minuto). No terceiro andamento, outra bela melodia no segundo tema (cerca de 1'30); a já referida utilização do tema do segundo andamento, em tempo um pouco mais vivo (a partir de 4'00), o final que retoma o tema do adágio (a partir de 7'45) e, mesmo antes do final, uma rápida alusão à célula de 3 notas comum ao primeiro andamento (8'30) para reforçar o clima único de toda a peça.











Versão usada nos tempos do texto:
Pinchas Zuckerman (vl), Daniel Barenboim (pn)
Deutsche Grammophon, 1975
Tempo dos 3 andamentos: 11'12; 8'17; 9'00

Versão usada nos excertos musicais:
Augustin Dumay (vl), Maria João Pires (pn)
Deutsche Grammophon, 1992
Tempo dos 3 andamentos: 10'59; 8'41; 9'12

6 Comments:

Anônimo said...

Estou mesmo a ver... enquanto a PM se deliciava com o streep, o EB viajava por outros "andamentos"... quiçá já bem abastecido... ;-)

Anônimo said...

Agora é que a Tasca ficou mesmo fina...Desta forma estamos aqui estamos a concorrer com o auditório do CCB...
Um destes dias, prometemos à dignissima assistência que teremos a Maria João Pires e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Vão ver que liga bem com o caldo verde e o chouriço, depois das tirinhas de torresmos. Quanto aos andamentos, não tenho mesmo pedalada para o EB, ,as vou apreciando e aprendendo.

Anônimo said...

O terceiro excerto é espectacular. O mistério dos instrumentos que solam a uma só voz, é a conjugação entre eles. Aquilo parece ser um violino e um violoncelo a harmonizarem a 2 vozes. Podia-se fazer com um instrumentos multi-timbrico mas, nunca se obteria o mesmo resultado de duas pessoas, cada uma só a tocar uma nota de cada vez. É lindo.

EB said...

Secreto, é ainda mais lindo do que parece. Aquilo não é um violino e um violoncelo a duas vozes, é um violino só a tocar em duas cordas ao mesmo tempo, o que é uma dificuldade técnica que valoriza a escrita e a execução da própria música.

Bora lá ouvir uma vez mais...

JC said...

Não tenho a bagagem musical do EB e do Secreto. Não sei quantas cordas tem um violino, muito menos em quantas é tocado este excerto.

Mas há uma coisa que sei: é um som maravilhoso!

Anônimo said...

Carago!!!... Apenas um violino??!!!... Eh Eh, parecem dois instrumentistas a harmonizar, fonix!!!
Ele há cada cromo, é que ainda por cima estou a ouvir uma das vozes bem grave que nada parece um violino!!! Calhando é o piano no meio daquele jogo todo...
Está muito bem feito mesmo e, lindo.

Sempre a aprender.