quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Tonho "Rosa"

Muitos eram os “Antónios” lá da aldeia! As Marias, se calhar, não eram menos!

Uns e outros eram conhecidos não pelos apelidos próprios mas sim pela extensão do nome do cônjuge ao seu próprio nome. Então, quanto a Antónios, tínhamos o Tonho “Bernardete”, o Tonho “Heleno”, o Tonho “Carmelino”, o Tonho “Rosa”, o Tonho “Belo”, o Tonho “da Adriana”, etc. etc.

Tonho “Rosa” era homem magro, com pouco mais de 1,50m, seco de carnes, tez tostada pelo trabalho árduo do campo durante toda uma vida. Já teria ultrapassado os 50 anos. Homem de paz e boas vontades, por isso não é de estranhar que as Senhoras do grande feudo da aldeia, D. Flora e D. Isménia, lá do seu “inexpugnável” palacete Século XVIII, o chamassem amiudadas vezes para vários “recados” do quotidiano.

Nesse dia, vinha o Tonho “Rosa” de mais uma tarefa de que as Senhoras o haviam incumbido: Ir à estação buscar uma encomenda que chegou no comboio desse dia. Mais ou menos uma légua de caminho. Cansado pelo peso da “tarifa” – mais de uma arroba - e do passo apressado por causa da chuva que já “lhe molhava os ossos” e não se via jeito de parar, com os pés a nadar dentro dos socos de pau bem revestidos de brochas, curvado sob a roupa a pingar água que pesava que se fartava, esbaforido... eis como o Tonho “Rosa” chega a casa das Senhoras.

- Viva Vossa Excelência Sr.a D. Isménia muito boa tarde!, saudou o António depois da porta se abrir.
- Ó António, como é que vens!!! Exclamou a D. Isménia condoída.
- Saiba V. Exa. que o comboio veio “atrasiado”! Justificou-se o Tonho pela demora.
- Ó António, entra, entra!
- Não Senhora, não senhora. Não é preciso...
- Entra homem, que estás todo molhado, ENTRA...! Ordena a boa D. Isménia.
- Muito obrigado a V. Exa. mas não é preciso, tem aqui a sua encomendinha!
- Anda, homem, ENTRA, vem aquecer-te um pouco à lareira, não sejas bruto, sai-me dessa chuva!
- Muito agradecido, mas não vale pena, muito obrigado a V. Exa.
- Ó seu grandessíssimo BURRO.... ENTRA que ainda apanhas uma pneumonia...
- Então com sua licença.

Às vezes só mesmo quando nos tratam pelo nome!

5 Comments:

JC said...

Ahahahahah! Grande Tonho!

Colega Zé dos Anjos, bem-vindo ao nosso humilde pardieiro.
Sinta-se à vontade, que é como quem diz, não seja Tonho Rosa.

Anônimo said...

Zé dos Anjos, conte lá a parte da bolinha vermelha... a D. Flora e D. Isménia eram umas malandrecas e "brincavam" aos médicos e às casinhas com o Tonho....

Aquela do entra... entra.... e o estás todo molhado... uummmm...

Secreto said...

Pois não era só naqueles tempos que os Tonhos eram chamados acrescendo o nome da mulher.

Estou farto de rir porque, uma das bandas que tive, desatámos a chamar-nos pelos nomes das nossas mães, HAHAHA... O João era o Maria Mariana, o Luis, o Felismina, o Jorge, o Graça e por ai fora.

Mas este tonho em particular, era tonho mesmo, eheh.

Ze dos Anjos said...

Raios...
Sois mesmo uns malandrecos!
Que mentes perversas...
Tais sempre a imaginar "entrelinhas"...
Pode ser que a seguir arranje qq coisa com "bolinha".... ou bolinhas e outros adereços!!! ;-)

Anônimo said...

Hoje já não se pode ser honesto nem ter respeito por ninguém,porque quem assim for não passa de um "Tonho"