sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ajudar os outros, tem muito que se lhe diga

Um dia destes ouvi uma história aqui na tasca que me pôs a pensar. O "Unhas de Falcão", alcunha que lhe ficou desde um dia em que foi visto na piscina com umas unhas nos pés que até se enrolavam à prancha, no entanto bom rapaz e muito prestável, queixava-se de que só os que se envolvem em seja o que for é que se metem em problemas. E tem toda a razão.

Então, viu-se embrulhado numa rixa danada, por tentar ajudar o "Narigueta", que não estava a perceber muito bem um artigo no jornal Record a respeito da rescisão do contrato do "Special One" com o Chelsea. O "Narigueta", de inteligência, coitadinho, não tem nada, mas, quem o ouvir falar, até parece doutorado em tudo e mais alguma coisa.

Sentados lado a lado, cada um com o seu copo na mão, o "Unhas" olha para o artigo e, nas calmas, explica o sucedido. É carapau!!! O outro não gostou e desatou aos berros – "Tás-me chamar estúpido? Achas que eu não tinha percebido logo à primeira?" Daí a ameaças físicas foi um instante.

O "Unhas" levantou-se e saiu, enquanto que o "Narigueta" continuava a barafustar e a chamar-lhe cobarde e medricas.

Diga-se a bem da verdade que o "Unhas" não foi visto por aqui durante 2 ou 3 dias, com vergonha provavelmente, quando a vergonha não deveria ser ele a senti-la.

Pensando nisto tudo, conclui-se que quem tem juízo mesmo é quem trata da sua vidinha e os outros que se desenrasquem. O reconhecimento é efémere - "Quem está, está, quem foi, foi" - como diz o outro. É num ápice que ninguém mais se lembra de quem tantas vezes lhe deu a mão. É tudo virtual, volátil, mas…

…Mas alguns não pensam assim, passa-lhes depressa, e o "Unhas" é um desses. É uma coisa qualquer que o empurra a estar de peito aberto, assim como que uma necessidade de respirar. Não tem nada que ver com ser vaidoso, ou querer arrecadar dividendos e reconhecimento, ele é assim mesmo, dá-se e pronto.

Na tasca, entra e sai de cara levantada, como em todo o lado por onde se desloca. Figura franzina, expressão sincera, nada na manga, não levanta a voz mas, quando larga alguma, tem muita piada e sempre um fundo de mais qualquer coisa.

Suponho que quem vai ficar mal nisto tudo é o "Narigueta" que, às tantas, vê-se sozinho pelos cantos. É que o pessoal não quer entrar em filmes daqueles. Qualquer conversa pode dar em provocação e, eventualmente, porrada.

Ter amigos dá muito trabalho.
Nada fazer pelos outros é facílimo mas a resposta é o desprezo.

Pensando melhor, mais vale ter trabalho e ter amigos.

2 Comments:

Ze dos Anjos said...

Bom fim de semana companheiro de luta!

Pinto Madeira said...

é... "vale a pena pensar nisso"