quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A Tasca e o Arroz de Pica-no-chão

O melhor Arroz de Cabidela (Pica-no-chão, como se diz para estes lados) que já comi (excluindo aquele que a minha mãezinha prepara, obviamente!) foi precisamente numa TASCA...

Uma tasca à séria, daquelas em que o “Ti Antone” serve um kilo de açucar à “Ti Maria” e depois um pastel de bacalhau, a acompanhar uma caneca de tinto, ao “Se Zacarias”...

Uma tasca em que as canecas ou as malgas mostram bem as tonalidades deixadas pelos litros de tintol já servido ao longo dos anos, cheias de lascas, daquelas que nos permitem saber qual é a “nossa” caneca... mas é nessas canecas que o tinto sabe melhor.

Uma tasca que hoje em dia seria considerada ecológica ou “biológica”, pois lava a louça só com água, sem detergentes ou outros químicos; onde não se usam insecticidas pois as moscas ainda são apanhadas pelas fitas com cola, que pendem do tecto para deleite dos nossos olhos, (serão estalactites?). Uma tasca que ainda tem serrim ou serradura a cobrir o chão...

Lá entramos, e somos guiados pelo “Ti Antone”, pelo meio do labirinto de garrafões, caixas emlotadas, sacos empilhados... chegados à sala lá nos instalamos...

Uma mesa central, rodeada de velhas estantes, carregadas de Renova, Colhogar, Evax, Fula, Galo, Ajax, CIF... um colorido que nos aconchegava.

Para começar lá vieram os pastéis de bacalhau, as azeitonas, a “broa da aldeia”... as canecas, as malgas e o tintol... e a conversa animava cada vez mais!

Era um grupo grande, bem animado, que ficou em alvoroço quando a esposa do “Ti Antone” lá traz o “Pica-no-Chão” fumegante... era um aroma divinal...

Num ápice tudo foi devorado, nem a cabeça do “pica-no-chão” escapou, foi o Zé que lhe afinfou... com que deleite fincou os dentes na crista do bicho, e que crista, e como saboreou os “brincos”...;
as patas, cujos esporões exigiam cuidados, foram apanhadas pelo Narciso;
e o pescoço foi maravilhosamente sugado pelos beiços do Sebastião.

O repasto foi saboreado até altas horas...

É com saudade que recordo esse jantar e essa tasca... Seria a TASCA DO SILVA?

5 Comments:

Ze dos Anjos said...

Se os gajos da ASAE por lá passam.... lá se vai o "ecológico" e o "biologico" !!!
O Silva põe-t'á tabela! Não deixes entrar os tais gajos... senão não há mais "pica no chão" pra ninguém!
Boa!

Anônimo said...

Para utilizar a linguagem dos que até me chamam cota (o kota, que é mais fino) esta deambulação pelo passado está mesmo cool, koole. Espero que ninguém se lembre de fazer cabidela na Tasca do Silva, pois alguém corre sérios riscos ... e eu não digo qual será o comPleMento do arroz.

Koole said...

Ze dos Anjos: não há problemas com a ASAE... como o colega EB tão bem expôs no EIXOS AVIÁRIOS, com a falta de sinalização nem a ASAE lá chega!!

Vitormartins: o comPleMento tinha crista!!

Anônimo said...

Ai se a pintas lê...

Lá se vai a crista..

Anônimo said...

A bela da cabidela.......


E as bolas de berlim, vendidas numa tasca ranhosa perto do Liceu, onde íamos jogar matraquilhos e depois sem lavar as mãos comíamos as bolas, com creme claro, que a dona da tasca dizia serem as únicas Bolas de berlim verdadeiras.... deviam vir da alemanha no porão de qualquer navio manhoso.
Não te lembras?

Um viva às tascas.........